Presidente diz que planos mantêm o Rubro-Negro no comando do clube e afirma que modelo de gestão da arena do Palmeiras, por exemplo, não é satisfatório
O Flamengo que passou empilhar taças de 2019 em diante terminará a atual temporada sem faixas no peito e com o sabor amargo de duras derrotas esportivas. Nas finanças, porém, o clube mais uma vez foi muito bem: terminará com receita total de R$ 1,3 bilhão, lucro operacional (EBITDA - lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização) de R$ 375 milhões e uma dívida pequena, na casa dos R$ 200 milhões. Qual o próximo passo que Rodolfo Landim projeta? A casa própria.
Em reunião com o grupo político União Rubro-Negra na última segunda-feira - o ge teve acesso ao áudio -, Landim voltou a defender que o caminho ideal para a construção de um estádio sem endividamento é a implementação de uma SAF nos moldes adotados pelo Bayern de Munique, da Alemanha. O presidente detalhou como funciona a sociedade entre os Bávaros e as empresas Allianz, Audi e Adidas.
Em junho, quando foi à Europa para assistir à final da Champions League, Rodolfo Landim e seus pares estiveram reunidos com o Bayern e a Adidas para aprofundar-se em estudo sobre a SAF do clube mais importante da Alemanha.
- O que o Bayern fez para poder ter o estádio dele? Ele fez uma SAF. No primeiro momento, ele tinha 100% da SAF e vendeu três pedaços de 8,3% dela. Continuou com 75,1% e, tendo esse percentual, continuou tendo o controle do que estava embaixo. Montou uma estrutura de governança mais leve - afirmou o presidente, para acrescentar:
- Ele tem nove conselheiros, três são indicados por cada um desses sócios minoritários, e o Bayern tem seis membros. Então ele aponta o diretor e aponta todos os C-Level (espécie de CEO), que são os caras que mandam no clube. Ele que manda e continua tendo o controle. E com uma estrutura de governança mais leve, com conselheiros independentes, dando conforto para quem está botando dinheiro de que o dinheiro dele vai ser bem tratado.
Landim entende que um estádio custaria ao Flamengo, entre terreno e construção, cerca de R$ 2 bilhões. Para ele, a viabilização de uma arena com recursos que não sejam obtidos a partir de uma SAF poderia levar o clube ao descrédito. E mais: teme que uma eventual gestão irresponsável no futuro tiraria o Rubro-Negro dos momento de prosperidade financeira. O presidente diz que seu projeto tem como objetivo a soberania dentro do futebol brasileiro por pelos menos mais cinco décadas:
- Se a gente botar uma dívida de R$ 1 bilhão no nosso balanço, óbvio que alguém vai olhar que há um risco muito maior de não pagar. Custo de capital vai crescer. Não existe nenhum jogador que o Flamengo não tenha comprado em suaves prestações. O cara olha para o nosso balanço e fala: "Pelo amor de Deus, o Flamengo vai pagar". Mas se você endivida o clube para fazer estádio, aí não.