Inicialmente, não hĂĄ conexão entre casos
LuĂs Henrique Bil dos Santos, de 22 anos, foi absolvido por falta de provas da acusação de estupro de vulnerĂĄvel contra uma menina de quatro anos no Ășltimo dia 29 de novembro pela juĂza Débora Roberta Pain Caldas, da 2ÂȘ Vara Criminal de Sinop (478 km de CuiabĂĄ). No entanto, o jovem foi encontrado morto em um córrego localizado na Estrada Lucila, próximo a MT-140, no dia 3 de agosto, com sinais de enforcamento e as mãos amarradas.
Não se sabe se a motivação do crime foi o processo que ele enfrentava. De acordo com o processo ao qual FOLHAMAX teve acesso, LuĂs Henrique foi preso no dia 28 de janeiro por supostamente ter abusado sexualmente de uma menina de 4 anos, que seria enteada de um tio dele.
Ela contou à mãe que o acusado introduziu o dedo em sua vagina no momento em que ele estava sozinho com ela. A PolĂcia Militar foi acionada e a criança, ao ser questionada sobre qual "tio" teria feito isso, apontou para LuĂs, bem como disse que estava com dor na vagina quando "ia fazer xixi".
Ele foi preso e levado à delegacia. No dia 7 de fevereiro, ele foi denunciado pelo Ministério PĂșblico que pediu sua condenação e a fixação de regime para inĂcio do cumprimento da pena como sendo o fechado.
A defesa, patrocinada pelo advogado Marcos Vinicius Borges, requereu a absolvição. De acordo com a juĂza Débora Roberta Pain, as declarações da vĂtima foram contraditórias com os depoimentos testemunhais, pois a menina afirmou que o fato ocorreu em sua residĂȘncia.
JĂĄ a mãe dela disse que aconteceu na casa de seu namorado (tio de LuĂs). Além disso, a vĂtima não relatou o abuso sexual durante o depoimento especial de forma voluntĂĄria e espontaneamente, demorando mais de 20 minutos, após sucessivas perguntas.
A magistrada destacou também que a criança disse não conhecer qualquer sobrinho do namorado da sua mãe e não conhecia alguém que se chamava LuĂs Henrique. Ao ser perguntada pela psicóloga se alguma vez alguém tocou em alguma parte do seu corpo, a vĂtima respondeu negativamente e, somente após inĂșmeras perguntas, disse que alguém tinha mexido.
Além disso, um laudo feito em uma unidade de saĂșde constatou que o hĂmen da vĂtima estava intacto . "Não obstante tenha constado hiperemia em canal vaginale eventual dor local, a médica constatou que a criança apresentava mĂĄs condições de higiene e região Ăntima apresentando vestĂgio de areia", traz o documento.
A juĂza argumentou que não se trata de desqualificar a vĂtima. Contudo, pontuou a possibilidade do fenômeno de "falsas memórias ou lembranças" por parte da vĂtima.
Além disso, destacou que o acusado permaneceu no local e ficou aguardando a chegada da polĂcia, evidenciando seu "interesse em colaborar com a busca da verdade real" e não temer a acusação. "Desse modo, não obstante as palavras das vĂtimas mereçam grande valor probatório em infrações penais envolvendo violĂȘncia sexual, o resultado da anĂĄlise conjunta e acurada dos autos é favorĂĄvel ao acusado, pois extremamente frĂĄgil para uma condenação. Posto isso, por inexistirem provas suficientes e judicializadas da ocorrĂȘncia do delito narrado na denĂșncia, a teor do artigo 155, do CPP, a absolvição se impõe, nos termos do artigo 386, inciso II, do Código de Processo Penal", determinou a magistrada.
LuĂs foi encontrado morto em 3 de agosto, em um córrego na rodovia MT-140, com as mãos amarradas e sinais de enforcamento, quase quatro meses antes de sua absolvição. Ao FOLHAMAX, o advogado criminalista Marcos Vinicius Borges disse que recebeu com tristeza a morte de seu cliente, mas preferiu não noticiar ao juĂzo para aguardar a sentença do Poder JudiciĂĄrio.
"Lamentamos a morte do acusado e esperamos que esse suposto assassinato não tenha qualquer conexão com o crime que LuĂs foi acusado, pois a Justiça comprovou sua inocĂȘncia. Carregamos a tristeza pela morte de LuĂs, porém trazemos conosco a satisfação de preservar sua honra para que descanse em paz sabendo que foi inocentado de uma pesada e injusta acusação", manifestou o advogado. FOLHAMAX entrou em contato com a PolĂcia Civil para saber informações à respeito do andamento das investigações da morte de LuĂs Henrique, mas até o fechamento dessa matéria não obteve retorno.
O espaço segue aberto.