O governo britânico apelou nesta quinta-feira à Venezuela para que cesse suas “ações injustificadas” contra a Guiana e reiterou que seu navio de guerra HMS Trent chegará à Guiana nesta sexta-feira como parte de “uma série de manobras de rotina” nas Caraíbas.
Em resposta a uma pergunta da agência de notícias EFE, um porta-voz do governo do Reino Unido garantiu que Londres está trabalhando para “evitar uma escalada”, depois que o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou o envio de uma operação militar devido à presença do navio patrulha.
“As ações da Venezuela contra a Guiana são injustificadas e deveriam parar. A fronteira entre os dois países foi acordada em 1899 por arbitragem internacional e continuamos a apoiar a integridade territorial da Guiana, um importante aliado regional e parceiro da Commonwealth”, disse o porta-voz.
O governo britânico lembrou ainda que não há planos para o HMS Trent atracar em Georgetown e que deverá realizar todas as suas atividades no mar, “no âmbito de uma série de manobras de rotina na região”.
“Estamos trabalhando com parceiros na região para evitar uma escalada e continuaremos a monitorar de perto a situação”, acrescentou a fonte.
O novo ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron, deixou clara a posição de seu país em mensagem nas redes sociais no dia 18 de dezembro de apoio à visita à Guiana feita por seu secretário de Estado para as Américas, David Rutley.
“A visita de David Rutley demonstra o apoio britânico inequívoco aos nossos amigos guianenses. As fronteiras soberanas devem ser respeitadas onde quer que estejam no mundo”, escreveu Cameron.
Maduro ordenou uma “ação defensiva” no Oceano Atlântico em resposta à chegada do navio patrulha britânico, o que mais uma vez desencadeou tensão entre os países sul-americanos devido à sua disputa territorial.
Ele fez o anúncio diante da liderança militar durante uma reunião em que se comunicou com um grupo de militares que realizou “a primeira fase” desta operação, que consistiu em um deslocamento por terra e águas no estado de Sucre (nordeste).
Maduro insistiu que a chegada do britânico HMS Trent é uma “ameaça inaceitável” que representa uma “ruptura” dos acordos que assinou com seu homólogo guianense, Irfaan Ali, em 14 de dezembro, quando se comprometeram a não ameaçar um ao outro e a evitar incidentes relacionados com a disputa.
Ele também criticou que a Guiana ignorou os pedidos de Caracas para não aceitar a chegada do navio britânico às suas costas.
A disputa agravou-se depois de a Venezuela ter aprovado em 3 de dezembro, num referendo unilateral, a anexação da área em disputa, uma área de quase 160 mil quilômetros quadrados que está sob o controle da Guiana e está atualmente a ser discutida pelo Tribunal Internacional de Justiça.
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