Classificar alguém como racista, fascista ou termos similares apenas por discordar das agendas identitárias sempre foi uma estratégia dissimulada da esquerda.
Classificar alguém como racista, fascista ou termos similares apenas por discordar das agendas identitárias sempre foi uma estratégia dissimulada da esquerda. Contudo, atualmente, a narrativa patológica da militância esquerdista atingiu um nível de absurdo completamente inédito.
Por mais cômico que possa parecer, parte da mídia adotou discretamente a expressão “racismo ambiental” nos últimos anos. Muitas das matérias sobre o tema viraram alvo de piadas nas redes sociais, e não sem razão. O termo ridículo já integrava o dialeto progressista, ecoando nos corredores pichados das universidades federais, nos círculos de debates feministas e eventualmente em churrascos veganos. Não surpreendentemente, essa terminologia, que parece sugerir que o meio-ambiente pode ser racista, começou a ser adotada publicamente por ministros do governo Lula.
A primeira a erguer a bandeira do "racismo climático e ambiental" dentro do governo foi Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial, mais conhecida por ser irmã da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018.
"Estou acompanhando os efeitos da chuva de ontem nos municípios do Rio e o estado de alerta com as iminentes tragédias, fruto também dos efeitos do racismo ambiental e climático", escreveu, em 14 de janeiro. Depois de sofrer uma enxurrada de críticas por sua publicação, Anielle recebeu apoio dos ministros Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e Marina Silva, do Meio Ambiente, que reforçaram a existência da tese.
O conceito importado dos democratas americanos fundamenta-se na ideia de que a população negra e grupos considerados minorias enfrentam consequências ambientais mais severas devido à sua concentração em bairros periféricos, teoricamente mais propensos a sofrer degradação acentuada. A esquerda argumenta que a origem dessa dinâmica está no racismo estrutural, profundamente enraizado em nossa sociedade.
É evidente que regiões mais pobres são mais fortemente atingidas durante eventos climáticos extremos, mas jogar a culpa dessas tragédias no “racismo” é uma narrativa que só serve para obscurecer as verdadeiras causas dessas tragédias e perpetuar uma agenda ideológica desonesta.
O deputado federal Hélio Negão comentou as declarações de Anielle, afirmando que a pobreza não escolhe cor.
"A fala da ministra foi infeliz ao querer justificar os danos causados pelas chuvas com racismo ambiental! É querer justificar a falta de saneamento básico, de um escoamento das águas correto, com racismo! Há muitos brancos nas regiões atingidas, a pobreza não tem cor. Chega desse separatismo! Vamos atacar a raiz do problema e não ficar justificando as faltas de medidas pela cor do povo!", escreveu o parlamentar em suas redes sociais.
Claro que para alguns é mais conveniente responsabilizar o espantalho do “racismo ambiental” ou "climático" do que encarar responsabilidades sociais ou reconhecer que a intervenção excessiva do Estado, a corrupção e a carga tributária elevadíssima do Brasil (entre outas políticas desastrosas de governos de esquerda) prejudicam demasiadamente o crescimento econômico do país. Entretanto, a racionalidade foge da militância esquerdista como um rato foge do gato.
É evidente que esse entendimento superficial não passa de um recorte de uma situação que tem origem econômica, não racial. Deveria, portanto, ser debatido no campo das melhorias econômicas e não servir para estimular a divisão. Contudo, a esquerda é incapaz de resistir à tentação marxista de estimular conflitos entre classes. Quanto mais discursos de "nós contra eles", melhor.
Associar todas as adversidades sociais, inclusive as relacionadas ao clima, a questões raciais ou a preconceitos imaginários representa um desserviço monumental às verdadeiras vítimas de racismo. Isso as relega ao mesmo nível de descredibilização daqueles que, ao perderem uma discussão ou serem intelectualmente confrontados, recorrem à carta do racismo de maneira oportunista e vitimista. No entanto, essa preocupação está longe de ser compartilhada pela elite que se beneficia direta ou indiretamente do caos social gerado por essas agendas identitárias.
Termos ridículos, ideias toscas. É só isso?
"Mudar o valor e o peso das palavras é determinar, de antemão, o curso dos pensamentos baseados nelas e, portanto, das ações que daí decorram". Olavo de Carvalho
Inicialmente, a retórica do “racismo climático” pode parecer um trecho de espetáculo de stand-up, mas, ao contrário do que parece, não é uma narrativa inofensiva. Em pouco tempo, ideias inicialmente consideradas absurdas durante sua disseminação tornaram-se norma social pela imposição gradual do politicamente correto. Essas noções extremas agora servem de justificativa para a formulação de leis que criminalizam aqueles que ousam discordar delas.
Num dia, estávamos zombando da ideia absurda de homens barbudos de 1,90m exigindo serem chamados de mulheres; no outro, nos deparamos com casos de pessoas sendo processadas e até mesmo presas simplesmente por se recusarem a usar os pronomes femininos solicitados.
Não existe mecanismo de controle social mais eficaz do que a imposição de novas diretrizes linguísticas, as quais restringem o pensamento e moldam o comportamento das massas sem que estas percebam que estão sendo manipuladas.
Dessa maneira, a esquerda impõe suas agendas e reconfigura o pensamento de toda uma sociedade. Desprezar o poder por trás dessa manipulação linguística é um erro infantil que cometemos por décadas.