A presidente da Hungria, Katalin Novak, renunciou ao cargo neste sábado (10) após uma semana de controvérsia por um indulto que concedeu a um diretor de um orfanato que tentou ocultar casos de pedofilia.
“Peço perdão àqueles que magoei. Hoje falo pela última vez a vocês como presidente. Renuncio ao meu cargo”, disse Novak em um vídeo transmitido pela televisão pública, após retornar de uma viagem ao Catar antes do previsto.
A chefe de Estado, ex-ministra da Família, reconheceu ter “cometido um erro” ao indultar o diretor adjunto de um orfanato, cujo diretor abusou de vários menores durante anos.
Reações e consequências
Pouco após o anúncio de Novak, a ex-ministra da Justiça Judit Varga, que havia assinado o indulto no ano passado, também anunciou sua retirada da política.
“Assumo a responsabilidade política por ter assinado o indulto. Retiro-me da vida pública”, declarou a ex-ministra, também próxima ao primeiro-ministro Viktor Orbán.
Varga também deixará o Parlamento húngaro e não liderará a lista do partido governista Fidesz nas eleições europeias de junho próximo, como estava previsto.
O indulto polêmico, concedido em abril de 2023 por ocasião da visita do Papa Francisco a Budapeste, foi descoberto pela imprensa na semana passada.
Desde então, organizações e partidos políticos de oposição pediram a renúncia da presidente, considerando o indulto “inaceitável”.
Em resposta à controvérsia, Orbán propôs esta semana uma emenda constitucional que proibiria no futuro os indultos a condenados por crimes contra crianças, o que muitos interpretaram como uma crítica indireta à decisão de Novak e Varga.
Na sexta-feira (9), milhares de húngaros se manifestaram em frente à sede da presidência no Castelo de Buda, pedindo a renúncia de Novak, por considerarem que ela já não era digna de ocupar o cargo.
Cargo presidencial na Hungria
O cargo presidencial na Hungria tem funções principalmente representativas, embora também inclua a assinatura de indultos a presos a pedido do governo.
(Com informações da EFE)
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