Nos últimos anos, houve uma ampla disseminação global de medicamentos desenvolvidos para o tratamento da diabetes, devido ao seu efeito associado à perda de peso. A exposição de figuras públicas com uma imagem mais magra também desempenhou um papel significativo no interesse do público em relação ao uso off label (fora da indicação oficial) desses medicamentos.
Estudos clínicos têm demonstrado a eficácia desses produtos no controle do peso, especialmente em pessoas com sobrepeso e obesidade, que estão mais suscetíveis a problemas de saúde.
Quanto à duração do tratamento, varia de acordo com cada paciente, podendo ser prescrito por meses, anos ou até mesmo de forma contínua. Segundo a endocrinologista Priscilla Cukier, do Hospital Santa Catarina – Paulista, é recomendável utilizar a semaglutida na dose máxima tolerada pelo maior tempo possível até alcançar os objetivos desejados.
Após atingir esses objetivos, pode-se considerar a redução da dose gradualmente ou até mesmo interromper o tratamento. No entanto, é importante salientar que as chances de manter o peso sem qualquer medicação são limitadas.
Estudos indicam que, ao interromper o uso das injeções, os pacientes tendem a recuperar até dois terços do peso perdido em apenas um ano. Mais de 80% dos participantes de um estudo que tentaram interromper o tratamento mantendo o mesmo estilo de vida relataram ter reganho quase todo o peso anteriormente perdido. Portanto, esse tipo de medicação geralmente requer um uso a longo prazo.
A semaglutida, princípio ativo do Ozempic e Wegovy, mimetiza a ação do GLP-1, um hormônio produzido no intestino que regula os níveis de açúcar no sangue e a sensação de saciedade. O medicamento atua nos receptores do sistema nervoso central para controlar o apetite e retardar o esvaziamento gástrico, resultando em uma sensação prolongada de saciedade e consequente redução do consumo alimentar, levando à perda de peso.
Embora o Ozempic e o Wegovy tenham o mesmo princípio ativo, eles diferem em suas indicações e doses disponíveis. No Brasil, o Ozempic é autorizado para o tratamento da diabetes tipo 2, enquanto o Wegovy é indicado para o tratamento do sobrepeso e obesidade, embora ainda não esteja disponível para compra.
O sucesso do tratamento também depende de mudanças no estilo de vida, como seguir uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos regularmente e manter hábitos saudáveis, como sono adequado e controle do estresse. Uma pesquisa realizada na Universidade de Copenhague, na Dinamarca, sugere que combinar o uso das injeções com um programa de exercícios supervisionados pode ajudar a evitar o efeito rebote, mantendo a perda de peso mesmo após a interrupção dos medicamentos.
É importante destacar que os medicamentos são indicados principalmente para pessoas com sobrepeso e obesidade associados a condições de saúde. A endocrinologista Priscilla Cukier ressalta que esses medicamentos não foram aprovados nem têm estudos suficientes em pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) menor. Portanto, é necessário avaliar cuidadosamente o custo-benefício de utilizar esses medicamentos para tratar questões estéticas relacionadas a alguns quilos extras.
GAZETA BRASIL