Um indivíduo suspeito de envolvimento em atividades criminosas relacionadas a um esquema de falsificação de leilões de veículos foi detido na quinta-feira (2/5) próximo ao Aeroporto de Guarulhos (SP). De acordo com investigações conduzidas pela 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte), ele estava tentando deixar São Paulo.
O detido, identificado como Thiago Messias Fernandes, de 24 anos, desempenhava funções operacionais no escritório associado ao crime, coordenando outros membros da equipe responsáveis por entrar em contato com as vítimas.
Lucas Simões, apontado como líder da organização criminosa, permanece foragido em Miami (EUA) e não demonstrou interesse em se submeter à jurisdição brasileira. Da mesma forma, Caio Souto, outro líder, também está foragido. As autoridades informaram que estão em andamento diligências para capturá-los, com cooperação internacional da Interpol.
A operação, liderada pela 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte) com apoio da Polícia Civil de São Paulo (PCSP), ocorreu em diversas cidades paulistas, incluindo São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo, em 25 de abril deste ano.
Durante a operação, foram cumpridos 12 mandados de prisão, 10 de busca e apreensão, além de 50 ordens judiciais para bloqueio de contas bancárias e derrubada de 540 domínios de sites fraudulentos. Aproximadamente 61 pessoas envolvidas no esquema foram indiciadas.
Segundo as investigações, o grupo criminoso atuava há pelo menos cinco anos. Eles selecionavam sites legítimos de empresas reconhecidas no ramo de leilão de veículos, clonavam esses portais e os replicavam, substituindo apenas a extensão do endereço eletrônico. Os sites verdadeiros terminavam em “.com.br”, enquanto os falsos tinham o mesmo nome e aparência, mas com terminação “.net”.
Após a clonagem dos sites, os criminosos contratavam serviços de marketing digital para promover os endereços falsos em mecanismos de busca como o Google. Isso fazia com que, ao pesquisar pela empresa legítima, o site falso aparecesse nos primeiros resultados da lista, enganando as vítimas. As interações com os golpistas ocorriam principalmente via WhatsApp, onde as vítimas acreditavam estar negociando com uma empresa real até realizarem os depósitos para participar dos leilões. No entanto, os veículos nunca eram entregues, e os golpistas bloqueavam o contato.
O escritório utilizado pela quadrilha ficava em uma sala alugada em um prédio comercial de Santo André. Os criminosos operavam das 8h às 18h, durante os quais realizavam os golpes em vítimas de todo o Brasil, simulando serem uma empresa legítima.
A investigação identificou cerca de 540 sites maliciosos mantidos pela quadrilha, os quais eram substituídos quando seu nome se tornava associado a muitos golpes. Os criminosos também utilizavam indevidamente o brasão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) para conferir credibilidade às plataformas falsas.
Além das prisões e apreensões, foram bloqueadas várias contas bancárias e apreendidos veículos, incluindo um jet-ski, com o objetivo de compensar os prejuízos das vítimas. A investigação também revelou um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo contas bancárias em diversas instituições financeiras, principalmente no Rio de Janeiro, como forma de dificultar o rastreamento dos valores.
Todos os envolvidos, desde os responsáveis por alugar contas bancárias até os líderes intelectuais do esquema, foram indiciados por participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e fraudes eletrônicas, com penas que podem chegar a mais de 30 anos de reclusão.
GAZETA BRASIL