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Banco Central Reduz Ritmo de Corte de Juros em Meio a Incertezas Econômicas

O Banco Central (BC) adotou uma postura mais cautelosa diante das incertezas sobre a inflação e as contas públicas, optando por diminuir o ritmo de redução da Taxa Selic em sua reunião realizada nesta quarta-feira, por 5 votos a 4.

Por Comando da Notícia

08/05/2024 às 19:18:34 - Atualizado há
Foto: Agência Brasil - EBC

O Banco Central (BC) adotou uma postura mais cautelosa diante das incertezas sobre a inflação e as contas públicas, optando por diminuir o ritmo de redução da Taxa Selic em sua reunião realizada nesta quarta-feira, por 5 votos a 4. O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira em 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,50% ao ano, marcando o menor nível desde dezembro de 2021, quando estava em 9,25%.

A decisão dividiu os nove membros do comitê, refletindo uma posição discrepante entre os diretores indicados pelas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, incluindo o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Além da redução no ritmo de corte, o Copom surpreendeu ao não fornecer indicações sobre os próximos passos da política monetária, algo que vinha sendo comum nas reuniões anteriores. Esta é a primeira vez desde agosto, início do ciclo de queda, que o BC não sinaliza as intenções para a próxima reunião. O comunicado da decisão mencionou o cenário global incerto e a resiliência da atividade doméstica como fatores que exigem uma abordagem mais cautelosa.

Embora contrariasse as expectativas de uma redução de 0,50 ponto percentual, sinalizada na reunião anterior em março, a redução de 0,25 ponto já era amplamente antecipada pelo mercado financeiro desde meados de abril.

Dos 94 bancos e gestoras consultados pelo Valor Data, 60 projetavam um corte de 0,25 ponto percentual, enquanto o restante esperava uma redução de 0,50 ponto, conforme indicado previamente pelo BC em março.

A postura cautelosa do BC se baseia em um contexto econômico desafiador, marcado por incertezas fiscais e inflacionárias. As projeções oficiais de inflação do BC foram revisadas para cima desde março, refletindo um aumento nas expectativas inflacionárias para os próximos anos. Ademais, o cenário externo também é considerado mais adverso, com incertezas sobre a política monetária nos Estados Unidos e a trajetória da inflação global.

Diante desse cenário, o BC ressalta a necessidade de cautela, especialmente para países emergentes, diante das pressões nos mercados de trabalho e da persistência de desafios inflacionários. A decisão do Copom sinaliza uma postura mais conservadora do BC, em meio a um contexto econômico global e doméstico marcado pela incerteza e volatilidade.

Eis a íntegra da ata do Copom:

O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado maior dinamismo do que o esperado. A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,7% e 3,6%, respectivamente.

As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 3,8% em 2024 e 3,3% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 4,8% em 2024 e 4,0% em 2025.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado. O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional devem se manter mais incertas, exigindo maior cautela na condução da política monetária.

O Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.

Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,50% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

O Comitê, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela. Ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.

Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira.

 

* No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de R$5,15/US$, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e de 2025. O valor para o câmbio foi obtido pelo procedimento, que passou a ser adotado na 258ª reunião, de arredondar a cotação média da taxa de câmbio observada nos dez dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.

 

Fonte: GAZETA BRASIL
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