O ex-chanceler do Tesouro já atingiu o limite de 100 indicações para chegar à fase de votação, enquanto os aliados de Johnson disseram que o ex-primeiro-ministro havia retornado de férias no Caribe com a intenção de participar da corrida, informou a Press Association (PA), mas ele ainda tem que declarar se vai concorrer.
Uma disputa entre os dois pode ser divisivo para o partido conservador no poder, até porque muitos dos apoiadores de Johnson culpam a renúncia de Sunak em julho por provocar a queda de seu governo. Alguns meios de comunicação especularam que os dois homens poderiam fazer algum tipo de acordo.
A BBC informou que ocorreu uma reunião entre Johnson e Sunak, mas “não foi divulgado o que eles discutiram”, enquanto a agência de notícias britânica PA Media informou que os dois “ficaram fechados fazendo negociações até tarde da noite” no sábado (22).
Enquanto isso, a Sky News se referiu à reunião como uma “cúpula secreta”.
Sunak e Johnson, se ele decidir concorrer, enfrentarão a líder da Câmara dos Comuns, Penny Mordaunt, que disse no domingo lamentar o chamado “mini-orçamento” que levou à turbulência econômica no Reino Unido e à renúncia de Truss.
“Lamento muito o mini-orçamento [ ] levantei preocupações antes mesmo de estar no gabinete”, disse Mordant à BBC em uma entrevista no domingo, acrescentando que havia detalhes sobre o orçamento “que o gabinete não conhecia”.
A última vez que os conservadores realizaram uma corrida pela liderança – após o fim do governo de Johnson – Truss ficou em primeiro lugar, Sunak em segundo e Mordaunt em terceiro.
Graham Brady, o funcionário conservador responsável pelo processo, disse que qualquer candidato deve receber pelo menos 100 indicações dos parlamentares do partido até as 14 horas, no horário local de segunda-feira (24).
O limite reduz efetivamente o campo de potenciais candidatos para um máximo de três, já que o partido tem 357 deputados.
Se apenas um candidato atingir esse limite, ele se tornará automaticamente o líder. Caso contrário, os candidatos restantes serão submetidos a uma votação online pelos membros do Partido Conservador, que será encerrada na sexta-feira, 28 de outubro.
Truss renunciou na quinta-feira, apenas seis semanas depois de seu mandato desastroso, que lançou o Reino Unido em profunda turbulência política e econômica. Seu sucessor será o quinto primeiro-ministro a liderar o país desde a votação pelo Brexit em 2016.
Keir Starmer, líder do principal partido de oposição, o Partido Trabalhista, renovou no domingo os apelos por uma eleição geral, depois de afirmar que as pessoas estão “fartas até os últimos dentes” com a liderança conservadora e as consequências das decisões desse governo.
“Há uma escolha a ser feita. Precisamos de eleições gerais! Deixe o público decidir [ ] Eles querem continuar com esse caos total ou querem estabilidade sob um governo trabalhista?”, Starmer perguntou durante uma entrevista à BBC.
A ex-secretária do Interior, Priti Patel, no sábado se tornou uma das defensoras mais importantes de Johnson em sua busca para se tornar primeiro-ministro. “Boris tem o mandato de entregar nosso manifesto eleito e um histórico comprovado de acertar as grandes decisões”, disse ela em um tweet.
Mas seu possível retorno ao cargo principal dividiu opiniões dentro do Partido Conservador, com muitos legisladores horrorizados com a perspectiva de Johnson novamente no cargo.
O ex-vice-primeiro-ministro e secretário de Relações Exteriores de Johnson, Dominic Raab, disse à BBC que “não podemos retroceder” e apontou que Johnson ainda enfrenta uma investigação sobre o chamado escândalo do “partygate” em reuniões ilegais que teve na Downing Street.
O ex-primeiro-ministro deve comparecer nas próximas semanas perante o Comitê de Privilégios dos Comuns, que está investigando se ele enganou o Parlamento sobre as festas, o que poderia causar-lhe a suspensão ou até expulsão como deputado.
*Com informações de Mia Alberti e Duarte Mendonca, da CNN.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Boris Johnson e Rishi Sunak se preparam para disputa do próximo premiê britânico no site CNN Brasil.