Na segunda decisão, sobre a prisão em flagrante, Moraes citou relatório da Polícia Federal (PF) e o vídeo do próprio Jefferson, em que ele admite ter atirado contra os policiais federais. O ex-deputado também lançou uma granada de efeito moral na direção dos agentes.
O ministro ainda afirmou que “qualquer autoridade” que agisse a para retardar a prisão pela PF estaria sujeita a enquadramento por crime de prevaricação.
Por meio de nota, a Polícia Federal informou neste domingo enviou agentes à casa do ex-deputado, em Levy Gasparian (RJ), para cumprir uma ordem de prisão do STF.
“A prisão foi cumprida após intensa negociação entre a Polícia Federal e o investigado, que ofereceu resistência inicial ao cumprimento da decisão judicial com o uso de arma de fogo e explosivos. Durante a diligência, dois policiais federais ficaram feridos por estilhaços de granada lançada pelo alvo. Eles foram prontamente atendidos, tiveram ferimentos leves e seguem sendo acompanhados pela PF”, afirmou a PF em nota.
“Além da prisão judicial, o investigado também foi preso em flagrante sob a acusação, inicial, de tentativa de homicídio, sem prejuízo de eventuais outros crimes cometidos durante a ação”, acrescentou a corporação.
“A perícia técnica criminal foi acionada e o local de crime já está sendo periciado, inclusive a residência do alvo. O preso foi conduzido à Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro para lavratura do auto de prisão em flagrante e demais formalidades decorrentes do cumprimento da ordem judicial. A Polícia Federal reafirma que agiu com toda a técnica e protocolos exigidos para a resolução de crises, culminando com a rendição do preso” finalizou a PF.
Algumas perfurações atingiram o encosto da cabeça e, no mesmo banco, marcas na altura do pulmão. Os agentes não foram atingidos pelas balas.
O vídeo foi obtido pela âncora da CNN Daniela Lima. Nele, o ex-deputado diz que não atirou nos policiais e que eles podem ter sido atingidos por estilhaços. “Não atirei neles. Eles sabem disso. Eles podem ter pego um rescaldo.”
Jefferson relatou que viu que os agentes não usavam coletes à prova de balas. “Falei: "vocês não têm como me levar, vocês não estão armados`. Todo mundo sem colete.”
“Só um que atirou em mim, um magrinho, mas eu não atirei nele. Ele que me atirou primeiro”, afirmou o ex-parlamentar.
Jefferson disse que este policial ficou três vezes em sua mira.
Roberto Jefferson estava em prisão domiciliar desde janeiro deste ano, por decisão do próprio Alexandre de Moraes. Atendendo a um pedido da defesa, o ministro estipulou algumas medidas cautelares que deviam ser cumpridas, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica e proibição do uso de redes sociais. Essas medidas, segundo Moraes, vinham sendo seguidamente descumpridas.
“Agora, em 21/10/2022, Roberto Jefferson incorreu em novo descumprimento das medidas cautelares impostas por decisão deste Supremo Tribunal Federal nos autos da petição 9.844, com publicação de vídeo contendo ofensas e agressões abjetas em face da ministra Cármen Lúcia, de teor, machista, misógino e criminoso”, afirmou Moraes.
No vídeo citado pelo ministro, Jefferson diz que Cármen Lúcia parece “aquelas prostitutas, aquelas vagabundas arrombadas”. O ataque machista e misógino foi reprovado por diversas autoridades.
Apesar dos ataques contra Cármem Lúcia terem sido determinantes para a ordem de restabelecer a prisão preventiva, Moraes ressalta que medidas estabelecidas para a prisão domiciliar vinham sendo reiteradamente descumpridas – como o contato com integrantes do PTB, entrevistas e a disseminação de notícias fraudulentas.
Ele lembra que, em janeiro – na ocasião do relaxamento da prisão – “o investigado foi advertido de que qualquer novo descumprimento injustificado de quaisquer das medidas cautelares impostas ensejaria, imediatamente, o restabelecimento da prisão preventiva”.
* Publicado por Léo Lopes, com informações de Gabriel Hirabahasi, Daniela Lima, Giulia Alecrim, Carolina Figueiredo, da CNN
Este conteúdo foi originalmente publicado em Roberto Jefferson começa a cumprir prisão e passa a noite em presídio do Rio no site CNN Brasil.