#### Modelos Climáticos Subestimam Ciclagem de Carbono Através das Plantas, Revela Novo Estudo
Os modelos climáticos atuais subestimam a ciclagem de carbono pelas plantas e superestimam o tempo de armazenamento deste carbono, conforme indica um novo estudo liderado pela Dra. Heather Graven, do Imperial College London. A pesquisa, publicada na revista *Science*, sugere que o carbono armazenado pelas plantas globalmente é de vida mais curta e mais vulnerável às mudanças climáticas do que se pensava anteriormente, o que tem implicações significativas para a mitigação das mudanças climáticas e projetos de remoção de carbono baseados na natureza.
#### Plantas São Mais Produtivas do que o Previsto
“A produtividade das plantas em todo o mundo é maior do que pensávamos,” afirma a Dra. Graven, especialista em Física do Clima no Departamento de Física da Imperial. A pesquisa revela que a taxa de dióxido de carbono (CO2) absorvida pela vegetação global é subestimada pelos modelos climáticos, enquanto a duração do armazenamento desse carbono é superestimada. Isso significa que o carbono liberado pelas atividades humanas será devolvido à atmosfera mais cedo do que se previa, impactando estratégias climáticas que dependem de plantas e florestas para reduzir o aquecimento global.
#### Medições de Radiocarbono Revelam Novos Insights
A pesquisa utilizou medições de radiocarbono (14C), um isótopo do carbono, combinadas com simulações de modelos climáticos, para entender como as plantas utilizam o CO2 em escala global. O radiocarbono, que foi significativamente aumentado na atmosfera pelos testes de bombas nucleares nas décadas de 1950 e 1960, forneceu uma ferramenta valiosa para medir a rapidez com que o carbono é absorvido pelas plantas. Examinando a acumulação de 14C nas plantas entre 1963 e 1967, período em que os níveis de 14C na atmosfera eram relativamente constantes, os pesquisadores puderam avaliar a velocidade com que o carbono se move da atmosfera para a vegetação e o que ocorre com ele posteriormente.
#### Implicações para Modelos Climáticos e Políticas
Os resultados indicam que os modelos climáticos atuais, que simulam a interação entre a terra e a atmosfera, subestimam a Produtividade Primária Líquida das plantas globalmente e superestimam o tempo de armazenamento de carbono. “Essas observações mostram que o crescimento das plantas após o pico de testes de armas atômicas foi mais rápido do que os modelos climáticos estimam,” comenta o Dr. Charles Koven, do Lawrence Berkeley National Laboratory. “Isso implica que o carbono circula mais rapidamente entre a atmosfera e a biosfera do que pensávamos.”
#### Necessidade de Melhorias nos Modelos
O estudo destaca a necessidade de melhorar as teorias sobre o crescimento das plantas e sua interação com os ecossistemas para ajustar os modelos climáticos globais. “Cientistas e formuladores de políticas precisam de estimativas aprimoradas da absorção histórica de carbono da terra para informar projeções futuras,” diz o Dr. Will Wieder, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica, EUA. “Nosso estudo oferece insights críticos sobre a dinâmica do ciclo do carbono terrestre, que podem informar modelos usados para projeções de mudanças climáticas.”
#### Legado de Pesquisa em Radiocarbono
Entre os autores do estudo está a física alemã Ingeborg Levin, pioneira na pesquisa de radiocarbono e atmosfera, que faleceu em fevereiro p.p. O trabalho enfatiza a utilidade das medições de radiocarbono para desvendar as complexidades da biosfera e aprimorar a precisão dos modelos climáticos. Este estudo, portanto, não só aumenta a compreensão do papel das plantas na ciclagem do carbono, mas também ressalta a necessidade urgente de reduzir as emissões de combustíveis fósseis para minimizar os impactos das mudanças climáticas.
GAZETA BRASIL