Nesta quinta-feira, Nicolás Maduro prometeu intensificar a repressão contra a dissidência e revelou seus próximos passos, apesar das várias denúncias de abuso de força por parte dos comandos de segurança chavistas.
Maduro, que afirma que está ocorrendo uma tentativa de golpe de Estado por parte da direita e de atores estrangeiros na Venezuela, disse que as forças de segurança continuarão trabalhando para capturar "um por um" esses indivíduos, que serão enviados para duas prisões de máxima segurança.
"Os 'guarimbeiros', esses criminosos, temos mais de 1.200 capturados e estamos procurando 1.000 mais. Vamos pegá-los, vamos pegar todos eles, e desta vez não haverá perdão. Com meu coração de homem de paz e cristão, digo a vocês: desta vez não haverá perdão", afirmou o chavista, tentando justificar os arrestos realizados por seus oficiais todos os dias em todo o país, tanto de civis que participam passivamente das manifestações quanto de políticos e testemunhas dos centros de votação de domingo.
Essas pessoas serão mantidas em dois centros penitenciários de máxima segurança que, em 2023, foram interveidos pelas autoridades após se tornarem centros de operações de gangues criminosas, com todo tipo de luxo.
"Estou preparando duas prisões que estarão prontas em 15 diasÂ… já estavam sendo reformadas. Tocorón e Tocuyito. Todos os 'guarimbeiros' vão para Tocorón e Tocuyito, prisões de máxima segurança", prometeu.
O regime, que desde domingo afirma ter conseguido a reeleição e se recusa a apresentar os documentos que a comprovam, acrescentou que essas milhares de pessoas "treinadas no Texas, Estados Unidos, Colômbia, Peru e Chile (Â…) queimaram mais de 300 módulos policiais no país (Â…) que prestam vigilância e proteção à cidadania" e "estavam bêbadas e drogadas pela mentira que tinham na cabeça".
No entanto, as declarações do chavista, que esta semana fez um discurso diário contra a oposição e a comunidade internacional, contrastam com as imagens divulgadas nas redes sociais e os relatórios de ONGs independentes, que já contabilizaram 711 prisões arbitrárias desde domingo e 11 mortes.
Entre as vítimas não fatais, a maioria são civis participantes das protestas e 74 são adolescentes, embora também tenham sido relatados casos de políticos, dissidentes e testemunhas eleitorais. Todos eles estão incomunicáveis, privados de defesa legítima e até submetidos a tortura.
Freddy Superlano, do partido Voluntad Popular, foi um dos nomes mais mencionados nos últimos dias, depois que oficiais encapuzados do regime o sequestraram na terça-feira pela manhã. Após mais de 30 horas sem notícias, nesta quinta-feira, finalmente, o vice-presidente do Partido Socialista Unido, Diosdado Cabello, confirmou sua privação de liberdade e zombou dos rumores sobre tortura.
"Está detido e falando muito bem, é bilíngue", disse.
Em resposta a essa avalanche de denúncias e vídeos compartilhados pela população, um grupo de oito organizações humanitárias divulgou um comunicado conjunto no qual alertaram sobre "o uso desproporcional da força que foi documentado por parte das forças de segurança venezuelanas" e exigiram "respeito e garantia do direito à liberdade de expressão, reunião e protesto pacífico", ao mesmo tempo que instaram as autoridades a "se absterem de criminalizar a protesto e a cumprirem plenamente os padrões e normas internacionais sobre o uso da força".
GAZETA BRASIL