A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou na manhã desta segunda-feira (05), conforme anunciado pelo comando das Forças Armadas do país, em meio a uma onda de protestos contra o governo que já resultou em 300 mortos.
Após a renúncia, Hasina, que estava no poder há 15 anos, deixou o país, segundo os militares. As Forças Armadas também anunciaram a formação de um governo interino liderado por militares.
Também nesta segunda-feira, milhares de manifestantes invadiram a residência oficial da premiê na capital, Daca, de acordo com imagens transmitidas pela televisão local. As imagens mostraram uma multidão entrando na residência de Hasina e acenando para as câmeras.
Em pronunciamento, o chefe das Forças Armadas, Waker-uz-Zaman, afirmou que o governo interino permanecerá até que uma solução definitiva para o país seja encontrada.
O governo declarou um toque de recolher por tempo indeterminado em todo o país a partir das 18h locais deste domingo, a primeira vez que tomou essa medida durante os atuais protestos, que começaram em 1º de julho. O governo também anunciou um feriado geral de três dias a partir desta segunda-feira (05).
A agitação, que levou o governo a fechar os serviços de Internet, representa o maior desafio para Hasina desde janeiro, quando protestos violentos eclodiram após ela conquistar seu quarto mandato consecutivo em eleições boicotadas pelo Partido Nacionalista de Bangladesh, principal partido de oposição.
A principal motivação dos protestos é o sistema de cotas do governo, que estabelecia que um terço dos empregos públicos seriam reservados para parentes de veteranos da guerra de independência contra o Paquistão em 1971.
Essa política foi abolida em 2018 pelo governo de Sheikh Hasina, mas foi restabelecida em junho deste ano. Isso motivou o início dos protestos, que começaram de forma pacífica com estudantes universitários argumentando que o sistema é discriminatório. Os manifestantes também pediam um recrutamento baseado no mérito.
GAZETA BRASIL