Rishi Sunak, novo premiê do Reino Unido, informou nesta quarta-feira, 26, que vai adiar para aramados de novembro a apresentação do plano orçamentário que deve tranquilizar os mercados, após a convulsão causada pelas polêmicas medidas econômicas de sua antecessora. A proposta será apresentada no dia 17 de novembro, duas semanas e meia depois do que havia sido planejado originalmente. O adiamento, primeira decisão sobre política econômica de Sunak desde que assumiu o lugar de Liz Truss na terça-feira, elevou os custos de empréstimos britânicos nos mercados financeiros, mas bem menos do que o que foi visto na liquidação causada pelo plano de corte de impostos de Truss em setembro. O anúncio da mudança foi feito pelo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, em comunicado televisionado, afirmando que será preciso mais tempo para garantir que o novo plano leve em consideração as previsões econômicas mais recentes. “Importante chegar às decisões corretas e que há tempo para que essas decisões sejam confirmadas com o gabinete”, dizia o comunicado. “Nossa prioridade número um é a estabilidade econômica e a restauração da confiança de que o Reino Unido é um país que se sustenta, e por esta razão o plano fiscal de médio prazo é extremamente importante”, disse Hunt. “Quero confirmar que ele demonstrará que a dívida irá cair no médio prazo”. O adiamento do plano orçamentário complicará a vida do banco central britânico na próxima semana, quando irá publicar projeções para a economia sem saber os detalhes dos planos fiscais do governo, além de tomar uma decisão sobre a política monetária. A expectativa é de que o Banco da Inglaterra eleve os juros de novo em 3 de novembro, provavelmente de 2,25% para 3,0%, mas investidores aumentaram as apostas em uma alta de 1 ponto percentual após o anúncio do adiamento do plano orçamentário.
Sunak comparecer nesta quarta, pela primeira vez, ao Parlamento e participou de sua primeira sessão semanal de perguntas ao primeiro-ministro. O novo líder conservador experimentou ali seu batismo de fogo diante de uma oposição trabalhista, favorita nas pesquisas, que pede a convocação de eleições legislativas antecipadas após a segunda nomeação em dois meses de um chefe de governo sem eleições. 62% dos eleitores britânicos, num país de 67 milhões de habitantes, querem que as eleições legislativas sejam antecipadas antes do final do ano, em vez de esperar pelo início de 2025, segundo uma pesquisa da Ipsos. O bilionário Sunak “não está do mesmo lado dos trabalhadores”, lançou o líder da oposição trabalhista Keir Starmer na Câmara dos Comuns, perguntando ao novo primeiro-ministro “por que você não testa e deixa que os trabalhadores tenham a palavra convocando eleições gerais?”. O líder conservador se esquivou da pergunta, assim como uma sobre os nacionalistas escoceses, sobre se as ajudas sociais aumentarão em seu próximo orçamento no mesmo nível da inflação, que já está acima de 10%. “Sempre agi de forma a proteger os mais vulneráveis”, limitou-se a responder o ex-ministro das Finanças, que distribuiu generosas ajudas durante a pandemia, desencadeando uma dívida pública que agora precisa de ser reembolsada. Insistiu na necessidade de controlar a inflação, “o inimigo que deixa todo mundo mais pobre”, e garantiu que tomará as “necessárias decisões difíceis de forma justa e compassiva”.
*Com informações da AFP