A primeira vacina do mundo contra o câncer de pulmão está sendo testada em vários países, incluindo a Espanha.
A primeira vacina do mundo contra o câncer de pulmão está sendo testada em vários países, incluindo a Espanha. Este avanço significativo na medicina promete salvar centenas de milhares de vidas, de acordo com a comunidade científica, graças ao seu potencial inovador.
O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer globalmente, com quase 1,8 milhões de mortes anuais. Isso se deve às baixas chances de sobrevivência quando a doença está em fase avançada.
Desenvolvida pela BioNTech, a nova vacina de mRNA atua ajudando o corpo a identificar e destruir as células cancerosas, além de prevenir a sua reincidência. A vacina é destinada ao tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP), a forma mais comum da doença.
O ensaio clínico de fase 1 da vacina, conhecida como BNT116, foi lançado em 34 centros de pesquisa em sete países: Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Polônia, Hungria e Turquia. Um total de 130 pacientes foi recrutado para receber a vacina juntamente com um tratamento de imunoterapia.
Semelhante às vacinas desenvolvidas contra a Covid-19, a BNT116 utiliza mRNA. Segundo o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, o mRNA carrega informações genéticas necessárias para a produção de proteínas, levando essa informação do DNA no núcleo da célula para o citoplasma, onde as proteínas são elaboradas.
Este novo medicamento funciona expondo o sistema imunológico a marcadores tumorais específicos do câncer de pulmão, permitindo que o corpo ataque as células cancerosas que expressam esses marcadores. Em contraste com a quimioterapia, a vacina fortalece a resposta imunológica sem prejudicar as células saudáveis.
"Estamos iniciando uma nova e empolgante era de ensaios clínicos de imunoterapia baseada em mRNA para o tratamento do câncer de pulmão", afirma o professor Siow Ming Lee, médico oncologista consultor do Serviço Nacional de Saúde dos hospitais da University College de Londres (UCLH), que está coordenando o ensaio no Reino Unido.
O professor Lee destaca que a vacina é fácil de administrar e permite a seleção específica de antígenos nas células cancerosas para serem atacados. Muitos especialistas acreditam que essa tecnologia representa a próxima grande fase no tratamento do câncer.
Na Espanha, o câncer de pulmão é o tipo mais comum, com cerca de 30.000 novos casos diagnosticados anualmente, representando 13,9% de todos os cânceres no país, de acordo com a Sociedade Espanhola de Oncologia Médica (SEOM). Além disso, é a principal causa de morte por câncer, com 22.830 óbitos estimados em 2022, correspondendo a 24,9% de todas as mortes por câncer. Embora a maioria dos casos ainda afete homens, a incidência entre mulheres tem aumentado, representando atualmente 27% dos casos.
Cerca de 80% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados da doença, resultando em uma taxa de sobrevivência de cinco anos de apenas 18%, embora tenha mostrado uma leve melhora nos últimos anos.