RJ: Chuva ajuda a apagar incêndio no Parque da Serra dos Órgãos

A mudança climática no Sudeste do Brasil ajudou a extinguir o incêndio que devastava parte da vegetação do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na região serrana do estado do Rio de Janeiro.

Segundo Ernesto Viveiros de Castro, chefe do parque, o fogo foi apagado após as chuvas que caíram na região.

Viveiros de Castro confirmou à Agência Brasil que o incêndio foi extinto na terça-feira, dia 17, após as precipitações.

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), cobre uma área de 20 mil hectares nos municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim. Entre seus atrativos estão cachoeiras, a maior rede de trilhas do Brasil com mais de 200 quilômetros e o pico Dedo de Deus, considerado um marco da escalada no país. O parque abriga mais de 2,8 mil espécies de plantas e mais de 750 espécies de aves, mamíferos, anfíbios e répteis.

O incêndio teve início no dia 10 de setembro e atingiu uma área de difícil acesso conhecida como Travessia Cobiçado x Ventania, complicando o trabalho de combate das 60 pessoas envolvidas, incluindo 36 do ICMBio e 24 bombeiros. Foram utilizadas aeronaves e trincheiras para controlar o avanço das chamas. A Polícia Federal e o ICMBio investigam a causa do incêndio, com a administração do parque indicando que o ponto de origem foi identificado nas áreas rurais vizinhas, com indícios de que a causa possa ter sido criminosa. Em entrevista à Agência Brasil, Viveiros de Castro já havia levantado essa suspeita.

Não há registros de raios ou incêndios naturais na região, e uma avaliação posterior fornecerá informações sobre o impacto e o tempo necessário para a restauração da vegetação. A administração do parque reforçou que é proibido usar fogo durante o período de seca, seja para queimar lixo ou limpar áreas agrícolas, e alertou sobre as punições severas para quem desrespeitar essa proibição.

O Brasil enfrenta um grave panorama de queimadas e incêndios florestais em 2024. De janeiro a agosto, foram atingidos 11,39 milhões de hectares, de acordo com dados do Monitor do Fogo Mapbiomas, divulgados no dia 12. Em agosto, foram consumidos 5,65 milhões de hectares, o que corresponde a 49% do total anual.

Na terça-feira, os líderes dos Três Poderes da República se reuniram no Palácio do Planalto, em Brasília, a convite do presidente Lula. O encontro contou com a presença dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco; da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, além de ministros, incluindo a titular do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Discutiu-se a origem dos incêndios, atribuída em alguns casos à ação criminosa, e a possibilidade de aumentar as penas para crimes ambientais. Marina Silva enfatizou que, exceto por causas naturais, qualquer incêndio é considerado criminoso e reiterou a proibição do uso do fogo em todo o território nacional.

A Polícia Federal abriu investigação para verificar se as queimadas têm origem criminosa, com indícios de ações coordenadas. Nesta quarta-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, autorizou o uso da Força Nacional de Segurança Pública em municípios do Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Roraima e Acre para combater incêndios florestais por 90 dias.

A proliferação de incêndios florestais em diversas regiões do país tem gerado nuvens de fumaça que alteram paisagens e levantam preocupações com a saúde humana, que pode ser afetada por doenças respiratórias e até câncer devido à exposição prolongada aos componentes tóxicos das queimadas.