Após mais de seis anos de intensas investigações, a justiça brasileira proferiu hoje sentenças contra os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, condenados pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, em um crime que chocou o país em março de 2018.
Após mais de seis anos de intensas investigações, a justiça brasileira proferiu hoje sentenças contra os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, condenados pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, em um crime que chocou o país em março de 2018.
O 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro anunciou as penas durante um julgamento que se estendeu por mais de 30 horas. Lessa foi condenado a 78 anos e 9 meses de prisão, além de uma multa de 30 dias, enquanto Queiroz recebeu uma sentença de 59 anos e 8 meses, com uma multa de 10 dias. A juíza Lúcia Glioche afirmou que a sentença é uma mensagem não apenas para os condenados, mas para todos que acreditam estar acima da lei. “A Justiça, mesmo que lenta, chega”, declarou.
Além das penas de prisão, os condenados também terão que pagar pensão alimentícia para Arthur, filho de Anderson, até os 24 anos. Cada um dos familiares das vítimas — Arthur, Agatha (esposa de Anderson), e as filhas e mãe de Marielle — receberá uma indenização de R$ 706 mil por danos morais. O valor total inclui ainda as custas do processo.
Os ex-policiais foram condenados por duplo homicídio triplamente qualificado, que envolveu motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa das vítimas. Além disso, ambos foram considerados culpados por tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle, que sobreviveu ao atentado. O uso de um Cobalt prata, veículo clonado, também foi um fator agravante na sentença.
Apesar das severas penas, Lessa e Queiroz podem deixar a prisão mais cedo, devido a um acordo de delação premiada. Segundo o acordo, Queiroz poderá cumprir no máximo 12 anos de prisão, enquanto Lessa poderá sair após 18 anos. Esses prazos começam a contar a partir de suas prisões em 12 de março de 2019, um ano após o crime. Dessa forma, Élcio poderá ser liberado em 2031, enquanto Lessa poderá transitar para o regime semiaberto em 2037, com liberdade total prevista para 2039.
Ambos já foram transferidos de presídios federais de segurança máxima para penitenciárias estaduais. Recentemente, Lessa também conseguiu recuperar a casa da família na Zona Oeste do Rio, que havia sido bloqueada pela Justiça.
No entanto, os benefícios da delação podem ser anulados caso se prove que os réus mentiram em suas declarações, não colaborando para a elucidação do caso.
O assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes ocorreu na noite de 14 de março de 2018, quando a vereadora foi atacada enquanto estava em um carro no bairro do Estácio, na região central do Rio de Janeiro. Ela foi atingida por quatro tiros na cabeça, enquanto Anderson também foi baleado e morreu. Fernanda, que estava no banco de trás, sobreviveu ao atentado, mas ficou ferida.
Os autores do crime, Lessa e Queiroz, perseguiram Marielle por cerca de 4 quilômetros desde um evento na Casa das Pretas, na Lapa, até o local onde ocorreu o atentado. A dupla disparou contra o veículo da vereadora e fugiu sem roubar nada, levando o país a se mobilizar em busca de justiça.