Durante o encerramento do G20 Social, realizado no Rio de Janeiro neste sábado (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao neoliberalismo e ressaltou a importância de uma jornada de trabalho "mais equilibrada". O evento, que reuniu líderes de várias economias do mundo, foi o primeiro de sua espécie a ocorrer durante a presidência brasileira.
"A mobilização permanente de vocês será fundamental para impulsionar os trabalhos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e avançar na tributação dos super-ricos, para garantir o cumprimento das metas de triplicar o uso de energias renováveis e antecipar a neutralidade de emissões e para levar adiante nosso chamado à ação pela reforma da governança global, assegurando instituições multilaterais mais representativas", afirmou o presidente.
"Os membros do G-20 têm o poder e a responsabilidade de fazer a diferença para muita gente. Para as mulheres, ao fomentarem o empreendedorismo e a autonomia econômica feminina, como fez o grupo de trabalho sobre Empoderamento", disse Lula. "Para os povos tradicionais e indígenas, ao promoverem os produtos da biodiversidade, como fez a iniciativa sobre a bioeconomia. Para os afrodescendentes, ao adotarem o objetivo do desenvolvimento sustentável 18 sobre igualdade racial, como fez o grupo de trabalho sobre Desenvolvimento. Para o planeta, ao incentivarem a ambição climática em linha com o objetivo de limitar o aquecimento global a um grau e meio, como fez a Força-Tarefa do Clima."
Em seguida, o presidente criticou duramente o modelo neoliberal, que, segundo ele, tem agravado as desigualdades econômicas e políticas nas democracias atuais. "O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. O G-20 precisa discutir uma série de medidas para reduzir o custo de vida e promover jornadas de trabalho mais equilibradas", declarou Lula.
O presidente também fez um apelo pela preservação do espaço público e a proteção contra o extremismo. "Precisa preservar o espaço público para que o extremismo não gere retrocessos nem ameace direitos. Precisa se comprometer com a paz para que rivalidades geopolíticas e conflitos não nos desviem do caminho do desenvolvimento sustentável", concluiu.
Lula ainda improvisou um discurso político após o evento, defendendo a ampliação da representatividade no Conselho de Segurança das Nações Unidas, com a inclusão de países da Ásia, África e América Latina. O presidente também anunciou que discursaria novamente à noite, no festival de música da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, apelidado de Janjapalooza, e até prometeu cantar.
Em seu discurso final, Lula afirmou que a economia e a política internacional não podem ser tratadas como "monopólio de especialistas nem de burocratas" fechados em escritórios nas principais capitais do mundo. Para ele, esses debates devem ser mais acessíveis e abertos, longe das decisões tomadas apenas nas bolsas de valores ou gabinetes governamentais.
GAZETA BRASIL