O governo do presidente Joe Biden autorizou a Ucrânia a usar armas fornecidas pelos Estados Unidos para realizar ataques em profundidade no território russo, o que representa uma mudança significativa na política dos EUA em relação ao conflito entre Ucrânia e Rússia, de acordo com fontes próximas ao assunto. A medida foi tomada em resposta a meses de pedidos do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que solicitava permissão para utilizar os armamentos americanos contra alvos militares russos distantes da fronteira ucraniana.
De acordo com a imprensa norte-americana, a Ucrânia deve iniciar seus primeiros ataques de longo alcance nos próximos dias, embora os detalhes sobre os alvos e as operações não tenham sido revelados por questões de segurança. A Casa Branca, por sua vez, se recusou a comentar sobre a decisão.
A mudança ocorre a dois meses da posse do presidente eleito, Donald Trump, e surge após a implantação de tropas norte-coreanas pela Rússia para reforçar suas forças no campo de batalha, o que gerou preocupação em Washington e em Kiev.
Os primeiros ataques profundos são esperados para ocorrer com o uso de foguetes ATACMS, que possuem alcance de até 300 quilômetros. Embora alguns oficiais dos EUA tenham demonstrado ceticismo quanto ao impacto das investidas de longo alcance no curso geral da guerra, a medida pode ajudar a Ucrânia em um momento em que as forças russas estão avançando e também pode colocar Kiev em uma posição mais forte caso as negociações de cessar-fogo venham a ocorrer.
Ainda não está claro se Trump reverterá a decisão de Biden quando assumir o cargo em janeiro. O ex-presidente sempre criticou o volume de ajuda financeira e militar dos EUA à Ucrânia e prometeu acabar rapidamente com a guerra, embora sem explicar como.
Por outro lado, alguns republicanos no Congresso têm pressionado Biden para flexibilizar as regras sobre como a Ucrânia pode utilizar as armas fornecidas pelos EUA. A Rússia, por sua vez, já alertou que verá qualquer relaxamento nas limitações ao uso de armamentos americanos como uma grande escalada no conflito.
GAZETA BRASIL