O chefe do grupo terrorista Hezbollah, Naim Qassem, ameaçou, durante um discurso divulgado nesta quarta-feira, realizar um novo ataque no centro de Tel Aviv. A declaração foi uma resposta às operações das Forças de Defesa de Israel, que conseguiram matar vários membros do movimento na capital do Líbano, incluindo o porta-voz Mohammed Afif e quatro de seus colaboradores.
"Israel atacou o coração de Beirute, por isso deve esperar que a resposta aconteça no centro de Tel Aviv", afirmou o líder do Hezbollah, ex-vice-secretário-geral da organização, mas que assumiu a liderança do grupo após o assassinato de Hassan Nasrallah, precisamente em um desses ataques realizados pelo Exército de Israel sobre a capital libanesa.
Nesse sentido, Qassem reconheceu que o grupo islâmico passou por uma fase de "confusão" nos dias seguintes à morte de Nasrallah, que havia sido líder da milícia xiita por mais de três décadas.
Qassem destacou que a principal batalha do Hezbollah contra Israel é em apoio à causa palestina, mas que, há alguns meses, o grupo iniciou uma nova campanha militar contra os israelenses chamada 'A Batalha dos Valentes', com o objetivo de "repelir a agressão integral contra o Líbano".
Da mesma forma, o líder terrorista admitiu ter recebido um "documento de negociação", o qual será analisado com mais profundidade nos próximos dias. No entanto, ele já adiantou que, para o Hezbollah, as condições indispensáveis são "um cessar-fogo completo" e "a preservação da soberania libanesa".
Sobre o tema, Qassem afirmou que não aceitariam nenhuma trégua que violasse a soberania libanesa, pois Israel exige liberdade para atuar contra o movimento apoiado pelo Irã.
O Hezbollah busca "o fim completo e definitivo da agressão" e "a preservação da soberania do LíbanoÂ… o inimigo israelense não pode entrar (no território libanês) quando quiser", declarou.
"Israel não pode nos derrotar nem nos impor suas condições", acrescentou, enquanto o enviado dos Estados Unidos, Amos Hochstein, concluía uma visita de dois dias a Beirute, com o objetivo de negociar um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hezbollah.
Hochstein afirmou na terça-feira, em Beirute, que via "uma oportunidade real" para pôr fim aos combates, e na quarta-feira disse que se dirigia a Israel "para tentar encerrar isso, se possível".
Em Beirute, ele se reuniu duas vezes com o presidente do parlamento, Nabih Berri, aliado do Hezbollah, que tem liderado esforços de mediação em nome do grupo apoiado pelo Irã.
"Recebemos o documento (estadunidense) e fizemos alguns comentários", disse Qassem, acrescentando que os comentários "e os do presidente Berri, que estão em harmonia, foram comunicados ao enviado dos Estados Unidos".
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, afirmou na quarta-feira que qualquer acordo de cessar-fogo deve garantir que Israel tenha "liberdade de ação" contra o grupo militante libanês.
"Em qualquer acordo que alcancemos, precisaremos manter a liberdade de ação se houver violações", disse ele a embaixadores estrangeiros, antes da esperada chegada de Hochstein a Israel.
O chefe do Hezbollah afirmou que um cessar-fogo depende da "resposta israelense e da seriedade" do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
(Com informações de AFP, Europa Press e EFE)
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