Cientistas realizaram uma descoberta inovadora ao identificar quase 300 variantes genéticas associadas à depressão, oferecendo novas esperanças para a luta contra a doença mental.
Cientistas realizaram uma descoberta inovadora ao identificar quase 300 variantes genéticas associadas à depressão, oferecendo novas esperanças para a luta contra a doença mental. A pesquisa, liderada por especialistas de renome mundial, revela padrões de DNA anteriormente desconhecidos, ampliando significativamente o conhecimento sobre os fatores biológicos que podem contribuir para o desenvolvimento da depressão.
Com essa descoberta, o número total de variantes genéticas relacionadas à condição dobrou, somando mais de 700 variantes. Entre elas, cerca de 100 foram identificadas graças à inclusão de pessoas de ascendência africana, asiática, hispânica e sul-asiática, ampliando o escopo das pesquisas, que anteriormente focavam principalmente em adultos europeus.
A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Edimburgo e do King’s College de Londres, que analisaram dados genéticos de mais de 5 milhões de adultos em 29 países. Os resultados apontam para a existência de variantes genéticas associadas a áreas do cérebro que controlam as emoções, oferecendo uma visão mais clara dos mecanismos biológicos da depressão.
De acordo com os pesquisadores, essas descobertas podem resultar em novos tratamentos para a depressão, incluindo o reaproveitamento de medicamentos já existentes, como o pregabalina, usado no tratamento da dor crônica, e o modafinil, indicado para a narcolepsia. No entanto, eles alertam que mais estudos e ensaios clínicos são necessários para validar a eficácia desses medicamentos no tratamento da depressão.
A pesquisa também mostra que a depressão é um distúrbio altamente prevalente, com um em cada seis britânicos relatando sintomas moderados ou graves de depressão, um aumento de 60% em comparação com os últimos três anos. A crise econômica gerada pela pandemia de Covid-19 e o aumento das pressões psicológicas têm sido apontados como fatores que contribuem para esse aumento.
Em 2022/23, cerca de 8,6 milhões de pessoas na Inglaterra estavam usando antidepressivos, o que representa quase um quinto da população adulta. Mais da metade dessas pessoas estava fazendo uso do medicamento por pelo menos um ano.
Professora Cathryn Lewis, co-líder do estudo, destacou a importância dessas descobertas, afirmando que os resultados abrem novos caminhos para o tratamento da depressão, permitindo uma abordagem mais personalizada e eficaz. “Nosso estudo identifica centenas de variantes genéticas adicionais que desempenham um papel na depressão”, afirmou a pesquisadora, do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College London.
Professor Andrew McIntosh, co-líder do estudo, acrescentou que ainda há grandes lacunas no entendimento da depressão clínica, o que limita as oportunidades de melhorar os resultados para aqueles que sofrem da condição. “Essa pesquisa representa um avanço importante, mas precisamos de mais estudos para realmente traduzir esses achados em tratamentos mais eficazes”, comentou.
A pesquisa foi publicada na revista Cell e representa um marco na busca por soluções mais eficazes para o tratamento da depressão, uma das doenças mentais mais comuns no mundo. A comunidade científica espera que esses avanços possam resultar em novos medicamentos e terapias direcionadas, oferecendo melhores opções de tratamento para os milhões de pessoas afetadas pela condição.