A Polícia Rodoviária Federal informou, no começo da tarde desta segunda-feira (31), que Mato Grosso contabiliza 16 bloqueios em estradas federais em andamento. Os atos tiveram início na noite de domingo (30), logo após os resultados do segundo turno das eleições, que terminou com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) e a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Concessionária Rota Oeste, que administra trechos da BR-163 e BR-364, acompanha nove pontos interditados.
De acordo com o superintendente da PRF de Mato Grosso, Francisco de Lucena, cada ato reúne cerca de 400 pessoas – ou seja, 6.400 manifestantes participam das interdições no estado. Ao menos uma equipe da polícia acompanha cada um dos locais com manifestação.
"As negociações têm sido conturbadas. Cada bloqueio tem várias lideranças e isso dificulta para estabelecermos um padrão de como agir", disse à TV Centro América. Porém, ainda conforme Lucena, o diálogo tem sido pacífico.
O superintendente afirma que já entrou em contato com o secretário Alexandre Bustamante dos Santos para solicitar apoio das forças estaduais e para que acione o Gabinete de Gestão Integrada (GGI) – um comitê de crise.
A PRF informou que irá acionar a Justiça para conseguir a liberação das vias bloqueadas.
As manifestações se concentram ao norte do estado, onde ficam os maiores produtores. O superintendente aponta que as principais consequências dos atos são as cargas perecíveis paradas nos bloqueios, já que nem todos os pontos com bloqueio permitem que os este tipo de produto passem, além dos prejuízos das pessoas que não conseguem chegar aos compromissos.
"Estamos atentos também ao uso de álcool contínuo por parte dos manifestantes para que os ânimos não se alterem e que não sejam tomadas atitudes de risco que não agradem nem a nós, nem ao Brasil e nem ao mundo", disse.
A orientação da PRF às pessoas é que busquem informações por canais oficiais da corporação para saber onde os bloqueios estão mantidos.
Concessionárias
Até as 15h18 de segunda-feira (31), a Concessionária Rota Oeste acompanhava ao menos nove pontos de interdições na BR-163, BR-070 e na BR-364, no trecho administrado pela empresa. São eles:
- BR-163, km 835 (Sinop): ambos sentidos bloqueados - não é permitida a passagem de nenhum veículo. Nesse trecho, algumas pessoas desviam do bloqueio pela cidade
- BR-163, km 691 (Lucas do Rio Verde): ambos sentidos bloqueados - permitida a passagem de ônibus ambulâncias
- BR-163, km 594 (Nova Mutum): ambos sentidos bloqueados - permitida a passagem de ambulâncias
- BR-163, km 601 (Nova Mutum): ambos sentidos bloqueados - permitida a passagem de ambulâncias
- BR-070, km 524 (Várzea Grande): ambos sentidos - permitida a passagem de ambulância, veículos de passeio e perecíveis
- BR-163, km 746 (Sorriso): ambos sentidos - permitida a passagem somente de ambulâncias
- BR-163, km 713 (Sorriso): ambos os sentidos - veículos desviam pela faixa de domínio nos dois sentidos
- BR-364, km 393 (Cuiabá), ambos sentidos bloqueados - permitia passagem de veículos de passeio, carga viva, ambulâncias, ônibus e perecíveis
- BR-364, km 395 (Cuiabá): ambos sentidos - permitida a passagem de veículos de passeio, que transportem carga viva, perecíveis, ambulâncias e ônibus
A concessionária informou que acompanha, sem interferência, as manifestações, com foco na segurança viária. As equipes operacionais sinalizam o final da fila para evitar acidentes.
Já a Concessionária Morro da Mesa, responsável pela MT-130, informou que o km 82, entre Rondonópolis e Primavera do Leste está bloqueado nos dois sentidos.
Atos
No começo da tarde desta segunda-feira, manifestantes começaram a colocar terra em um trecho da MT-246, no trecho em Barra do Bugres (veja o vídeo no começo desta reportagem).
Em outras imagens em locais onde há manifestações, conforme as imagens que ganharam as redes sociais, é possível ver vários manifestantes com camisetas do Brasil e bandeiras do país. Há trechos em que os manifestantes queimaram pneus e trancaram a via com os próprios carros e carretas.
Um dos manifestantes que está no Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá, Mário Júnior, disse que não há planejamento para as manifestações, eles estão "deixando as coisas acontecerem".
No trecho onde ele está, ambulâncias, caminhões com oxigênio e ônibus de passageiros têm a passagem permitida.
Rodoviárias
A manifestação dos apoiadores de Bolsonaro afetaram também o Terminal Rodoviário Engenheiro Cássio Veija de Sá, em Cuiabá. De acordo com a concessionária, das 32 empresas que operam no terminal, três suspenderam viagens que sairiam da capital e estão remarcando as passagens com os clientes ou devolvendo o dinheiro sem aplicação de multa.
Há impactos também na Rodoviária de Sinop, 503 km da capital. No terminal, as empresas têm combinado com os passageiros de entrar em contato por telefone para que eles possam esperar em casa até a viagem ser confirmada.
G1/MT