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Primeiro-cavalheiro: entenda o termo atribuído ao namorado de Eduardo Leite, eleito no RS


Primeiro-cavalheiro

O substantivo primeiro-cavalheiro não consta no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), organizado pela Academia Brasileira de Letras (ABL). A consultora de língua portuguesa Thaís Nicoleti, que assina o blog que leva seu nome na Folha de S. Paulo, explica que o fato de uma palavra não constar do Volp não significa que ela seja “incorreta”. “Normalmente, a palavra entra em circulação e só depois de fixada no uso é que entra nos dicionários e também no Volp”, diz Nicoleti.

“Em tese, a palavra pode vir a integrar o Volp futuramente, mas, antes, é preciso que o seu uso se fixe naturalmente entre os falantes, e isso depende da sua correspondência a uma realidade concreta e da sua utilidade no processo comunicativo”, completa.

A especialista afirma que a língua é um território livre, o que dispensa decisões institucionais para criar palavras e usá-las.

“É realmente o conjunto dos falantes que as aprova por meio do uso. A inclusão nos dicionários, em geral, está ligada ao emprego regular da palavra em documentos escritos, que podem ser jornais, obras literárias, textos jurídicos, etc. Mesmo assim, a inclusão não é automática, caso contrário palavras como "bolsonarista" e "bolsonarismo", largamente usadas nos últimos tempos em toda a imprensa, já teriam obtido registro, coisa que não ocorreu”, afirma.

De acordo com Nicoleti, o registro em dicionário requer a disposição e a possibilidade de definir a palavra com o máximo de justeza – e certos termos, embora muito frequentes em um período, desaparecem ou perdem grandemente a relevância em pouco tempo.

“Desconheço que tenha havido o uso formal do termo no Brasil. A discussão surgiu timidamente por ocasião da eleição de Dilma Rousseff para o cargo de presidente da República, mas logo desapareceu porque Dilma já era separada do marido havia muitos anos. Em países governados por mulheres, já houve o uso do equivalente a "primeiro-marido" ou "primeiro-cavalheiro", mas, normalmente, os maridos não reivindicam esse status, que está ligado a funções menos importantes”, pontua.

A especialista enfatiza a importância de reflexões sobre a origem e o uso de termos como “primeira-dama” e “primeiro-cavalheiro”.

“Toda reflexão sobre a língua é importante porque é, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre a realidade. Por exemplo, no caso de o governante ser um homossexual legalmente casado, pode ressurgir a questão com algumas nuances. Cabe perguntar se seria apropriado atribuir ao marido de um governador a alcunha de "primeiro-cavalheiro'”, afirma.

“O termo original é feminino, "primeira-dama", exatamente porque sua função pressupõe a posição de coadjuvante de um homem, sendo este, por suposição, sem o nome, é claro, o "primeiro-cavalheiro". Para além desse pequeno problema, resta saber se o marido do governante vai realmente querer uma alcunha desse tipo, que o relega a uma função subalterna. É provável que não”, observa Nicoleti.

Campanha

Durante a campanha eleitoral, o candidato derrotado Onyx Lorenzoni (PL) afirmou, em sua propaganda no horário eleitoral, que o Rio Grande do Sul teria, após as eleições, “um governador e uma primeira-dama de verdade”.

“Estou muito feliz com o resultado obtido no primeiro turno. E tenho certeza que os gaúchos e as gaúchas entenderam que vão ter, se for da vontade deles, do povo gaúcho, um governador e uma primeira-dama de verdade, que são pessoas comuns e que tem uma missão de servir e transformar a vida dos gaúchos para melhor”, disse Lorenzoni.

Na ocasião, Leite discursou contra a homofobia em suas redes sociais em resposta ao então adversário. “Nesses tempos tão difíceis, em que tentam a todo custo nos separar uns dos outros, é motivador ver a sociedade e a opinião pública majoritariamente unidas para condenar demonstrações de homofobia. Não ao preconceito! O amor, o respeito e a tolerância falam mais alto”, escreveu.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Primeiro-cavalheiro: entenda o termo atribuído ao namorado de Eduardo Leite, eleito no RS no site CNN Brasil.

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