A Rússia acusou nesta quarta-feira, 16, a Ucrânia e a Polônia, na Organização das Nações Unidas, de tentarem provocar um “confronto direto” entre o país e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), alegando que Moscou foi responsável por um ataque com mísseis em território polonês que matou duas pessoas. “As declarações completamente irresponsáveis feitas pelos líderes desses dois países não podem ser interpretadas de outra forma”, disse ao Conselho de Segurança o embaixador russo na ONU, Vasili Nebenzia. O diplomata criticou em particular as palavras do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que insistiu em responsabilizar a Rússia pelo míssil e fez um apelo por uma resposta internacional contra Moscou. Segundo Nebenzia, as mensagens de Zelensky não são apenas uma “tentativa de desinformação, mas uma tentativa consciente de envolver a Otan, que está travando uma guerra por procuração contra a Rússia na Ucrânia, em um conflito direto com nosso país”.
O embaixador russo também chamou as autoridades da Polônia de “russofóbicas” por inicialmente culparem Moscou como responsável pela queda dos mísseis em território polonês, dizendo que eles só mudaram sua versão após o aparecimento das fotos “que não deixaram dúvidas de que foram os mísseis de defesa aérea ucraniana que cruzaram a (fronteira com a) Polônia”. O presidente polonês, Andrzej Duda, disse nesta quarta-feira que “é provável” que o míssil que atingiu o território de seu país “tenha sido lançado pela Rússia” e que “nada indica” que tenha sido um “ataque intencional contra a Polônia”, o que aponta para a hipótese de erro, uma versão apoiada pela Otan e pelos Estados Unidos.
A reunião desta quarta do Conselho de Segurança da ONU sobre a Ucrânia, convocada antes do incidente, concentrou-se em grande parte neste episódio, com as potências ocidentais enfatizando que – mesmo que o míssil não fosse russo – o incidente é parcialmente de responsabilidade de Moscou. “Embora ainda não conheçamos todos os fatos, sabemos uma coisa: esta tragédia nunca teria acontecido sem a invasão da Ucrânia pela Rússia e seu recente ataque com mísseis contra a infraestrutura civil ucraniana”, disse a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield. A Polônia, que foi convidada para a reunião, seguiu a mesma linha, salientando que sem guerra não haveria mísseis, e defendeu sua investigação e conclusões preliminares de que o míssil não foi um ato deliberado.
*Com informações da EFE