As forças de segurança do Estado do Espírito Santo realizaram uma coletiva de imprensa conjunta nesta segunda-feira, 28, para falar sobre o caso do atirador de Aracruz, que deixou ao menos quatro mortos e outros 11 feridos após atacar duas escolas da cidade. Segundo as autoridades, o atirador, um jovem de 16 anos de idade, teria realizado o crime após planejar a ação e se preparar com armas do pai por dois anos. Em depoimento, ele alega ter sido motivado por bullying que teria sofrido na sua vida estudantil. O delegado responsável pela investigação do caso, André Jareta, contou que o jovem tentou evitar ser reconhecido como o responsável pela ação, principalmente por seus pais. Após o crime, o jovem retornou para sua casa, colocou as armas e outros objetos do pai nos devidos lugares, para evitar que percebessem que foram sido utilizados, e “fingiu naturalidade”. O adolescente chegou a almoçar normalmente com sua família e, em seguida, ir para uma casa de praia, no bairro do Mar Azul, onde os agentes realizaram a sua apreensão, com apoio de identificação de imagens de câmeras de segurança, em ação da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Civil. Em depoimento, o jovem disse não ter escolhido suas vítimas, mas atirado aleatoriamente.
“Eu acompanhei o caso a partir do momento em que esse adolescente chegou junto aos policiais militares na casa onde ele era domiciliado. Acompanhei ele mostrando cada objeto que ele utilizou na ação. E, a partir daí, fomos para a delegacia para tomar informações. O adolescente alegou que nunca tinha praticado qualquer ato infracional, nada que viesse configurar algo passível de punição. E que, durante sua vida estudantil, ele teria sofrido bullying nos colégios. A partir disso, ele passou, então, a ter ideias e a pensar sobre esse assunto, de cometer um atentado. A partir de 2020, ele começou a se preparar para executar essas ações. Começou a tornar mais próximo do plano real. Porém, em momento algum isso foi revelado. Aparentemente, em momento algum ele falava sobre isso com terceiros. Ele guardou isso e foi alimentando esse sentimento de ódio. Os pais deixaram claro que ele fazia acompanhamento com psicólogo, com psiquiatra e tomava medicação, mas não se abria muito com os familiares”, disse o delgado Jareta.
Segundo o delegado, ao decidir por o plano em ação, o jovem planejou pegar duas armas que o pai possuía dentro de casa. Sempre que os pais não estavam por perto, o adolescente manuseava os equipamentos para aprender a utilizá-los. Os treinos foram realizados durante dois anos. No dia do atentado, os pais saíram de casa em um dos carros da família cerca de uma hora antes do crime e em direção ao centro da cidade, onde foram fazer compras. Sabendo que o compromisso demandaria tempo, o adolescente se aproveitou para pegar as armas, um segundo carro, que escondeu a placa com papéis, e se dirigiu às escolas. Após o crime ele voltou para casa, devolveu todos os objetos utilizados na ação, para tentar evitar desconfianças dos pais. “Então, ele ficou no interior da casa como se nada tivesse acontecido. Os pais chegam e ele reagiu normalmente. Os pais provavelmente já sabiam do que tinha ocorrido. Comentaram com ele, mas o adolescente se fez de desentendido. Como uma rotina comum da família, passado algum tempo, eles almoçaram e foram para a outra casa, em Mar Azul, que foi onde a Polícia Militar realizou a apreensão do adolescente”, informou Jareta. “Ele confessou mesmo na frente dos pais”.
Os agentes de segurança utilizaram as imagens de câmeras para identificar o jovem e o carro utilizado, até encontrarem o primeiro endereço, mas ao chegar lá não havia ninguém. Foram então para a casa de praia da família por saberem que eles possuiam o segundo imóvel. “Trabalhamos as imagens junto com a Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal. Ao final, chegamos a um endereço que foi identificado, onde o autor poderia estar. Chegando ao local, a residência estava vazia. O veículo Duster [utilizado na fuga do crime] estava na garagem, mas ninguém se encontrava no momento. De conhecimento de que o pai do menor possuía uma residência no Mar Azul [na praia de Aracruz], a gente prosseguiu até lá e encontramos o menor, que inicialmente negou a autoria [do crime]. Mas, de frente às informações das Forças de Segurança, como a imagem dele no local e o veículo, ele acabou confessando. Então fizemos a apreensão do armamento e da vestimenta que ele utilizava na hora do ataque”, contou o Tentente Farias, um dos agentes responsáveis da Polícia Militar pela prisão do atirador.