Transporte e logística contribuem com 10% das emissões mundiais de emissão de gás carbônico para atmosfera, que aumenta efeitos climáticos danosos para o planeta e a vida na terra, a partir do efeito estufa. Nesse contexto, surgiu o mercado de carbono, impactando diretamente os negócios internacionais. Contudo, esse mercado ainda é muito abstrato para a maioria da população. Emmanuel Gantois Longa, CEO da Compensa, empresa especializada em apurar a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera, explica como funciona: “Toda vez que eu emito um carbono eu começo a assumir uma certa dívida. As empresas empresas podem voluntariamente assumir o compromisso de tentar fazer uma limpeza desse carbono que elas acabaram emitindo. Da forma contrária, se eu tiver um projeto que, ao invés de emitir carbono, eu acabo tirando o carbono da atmosfera, eu ganho, ao invés de uma dívida, um crédito. Esse crédito tem processo de verificação, auditoria, um processo muito sério, então, esse crédito se torna um artigo financeiro que pode ser vendido para quem tem dívida, para abater da dívida. Esse é o mercado de crédito de carbono”, explica.
Gantois Longa pontua ainda que o Brasil é muito bem posicionado, atualmente, no mercado de carbono por causa da sua grande quantidade de florestas. “O Brasil é muito bem posicionado porque o mecanismo mais eficiente de tirar carbono do mundo é plantar árvores. A árvore, as florestas, é o melhor mecanismo que a gente tem, até hoje, para conseguir capturar a carbono da atmosfera. Ninguém tem tanta capacidade de ter florestas e tem tanta capacidade de recuperar e regenerar florestas como o Brasil”, diz. Apesar do posição do país, o empreendedor ressalta que o mercado precisa de regulamentação mais clara no Brasil. “O Brasil tem o potencial de gerar crédito de baixo custo. Mas, isso é uma janela temporal que a gente tem, porque tecnologias vão avançar, e o processos de captura de carbono podem ser criados. A gente tem que aproveitar que a gente tem essa vantagem agora para a gente tomar a dianteira. Só que para a gente tomar essa dianteira falta ainda coisas no nosso mercado. É um mercado que tem pouco arcabouço legal. No ano passado, o governo federal editou um decreto sobre isso, porque, até então, quem fazia negócio aqui não tinha nenhuma segurança jurídica. Podia vir a prefeitura e dizer que era um serviço, podia vir governo do Estado e dizer que era mercadoria, por exemplo. O Congresso Nacional e o governo federal conseguirem estruturar esse mercado vai ser algo que vai dar essa segurança jurídica para virem investidores estrangeiros ou estimular novos negócios em cima desse mercado. É urgente ter apoio do governo para ter um mercado funcional”, defende.
O empresário Arthur Lee atua diretamente com fretes pelo mundo oferecendo créditos de carbono pela sua empresa, a Talura. “As empresas exportadoras ou importadoras, no seu frete internacional que ela cota com a Talura, ela também pode solicitar a compensação de carbono no seu frete. Então, a partir disso, é feito um cálculo de quanto de carbono é emitido durante o frete internacional. A gente já mostra na plataforma, por exemplo, se um frete de Santos para Miami, que vai demorar tantos dias, também vai emitir uma tonelada de carbono nesse trajeto pelo modal marítimo. E a gente já dá a opção dele poder compensar esse carbono emitido”, explica o empresário sobre sua atuação nesse mercado de carbono.
Arthur Lee reforça que a exigência de compensação de carbono está cada vez mais presente nos negócios com os Estados Unidos, países da Europa e China. “De médio a longo prazo, compradores internacionais estão cobrando cada vez mais para que suas cadeias de suprimentos, seus vendedores, englobem sustentabilidade em suas práticas, desde a produção, e o frete também faz parte desse case. Esse ano teve a COP no Egito, que fomentou essa discussão da preservação ambiental. No curto prazo, é um ponto de diferenciação para que empresas brasileiras pratifiquem maior sustentabilidade, mais práticas de preservação ambiental ou social, porque o cooperador externo está vendo agora com mais detalhes isso, está mais disposto a pagar mais caro por serviços e produtos que comprovem que tiveram algum tipo de preservação ou compensação de carbono, que envolveu alguma comunidade local”, diz.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos