Em 10 meses, Mato Grosso passou pela liberação do uso do item, mas municípios já voltam a exigi-lo em virtude de novo aumento de casos
O ano de 2022 foi marcado pela liberação da obrigatoriedade do uso de máscara, decretada em Mato Grosso no dia 7 de março pelo governador Mauro Mendes (DEM). Apenas 16 dias depois, a Prefeitura de Cuiabá também decidiu liberar o uso na capital mato-grossense, com decreto do dia 24 de março, tornando o item facultativo, ou seja, à escolha da população. Porém, de novembro para cá, em função de uma nova onda da pandemia da covid-19, alguns municípios mato-grossense têm decretado novamente o uso das máscaras faciais.
Depois de nove meses, a obrigatoriedade do uso está retornando aos poucos. Oito municípios de Mato Grosso já aderiram ao uso para evitar a contaminação da covid-19. Recentemente, o Ministério de Saúde recomendou a retomada do uso de máscara facial em todo o país e alertou para a nova variante BQ.1 da Ômicron, além do crescimento de casos de covid-19.
Em Mato Grosso, nos primeiros 14 dias de dezembro, os oito municípios decretaram a obrigatoriedade do uso da máscara em locais fechados, unidades de saúde, para idosos acima de 70 anos, além de imunossuprimidos, pessoas não imunizadas contra covid-19 e pessoas com sintomas gripais ou aquelas que tiveram contato recente com pacientes acometidos pela doença.
Os municípios são Araputanga, Barra do Garças, Barra do Bugres, Cáceres, Lucas do Rio Verde, Nossa Senhora do Livramento, Nova Xavantina e São José dos Quatro Marcos.
Na capital mato-grossense, a prefeitura emitiu um comunicado de risco alertando sobre o possível aumento de casos positivos. No entanto, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) disse que ainda não era necessário decretar obrigatoriedade do uso da máscara, inclusive em ambientes hospitalares e escolares.
Em Várzea Grande (região metropolitana de Cuiabá), no dia 13 de dezembro, a Câmara Municipal divulgou uma portaria exigindo o uso de máscara durante 30 dias em suas instalações, para proteção contra a covid-19. A decisão administrativa foi motivada após uma servidora do Legislativo testar positivo e ter mantido contato com outros colegas de trabalho antes de ser submetida ao exame.
EM VOOS
No dia 22 de novembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a obrigatoriedade do uso de máscaras em aviões e aeroportos do Brasil, pouco mais de três meses após a liberação do uso. Isso porque, a exigência nos aeroportos e aviões começou em 2020 e durou até 17 agosto de 2022. Porém, com voto unânime dos diretores, a Anvisa decidiu reestabelecer o retorno obrigatório do uso do item diante do expressivo aumento de casos registrado no país no último trimestre.
Para o epidemiologista da Fiocruz, Diego Xavier, o crescimento do vírus se dá por falta da "cultura" da sociedade de não usar máscara ao apresentar qualquer sintoma. Segundo ele, o uso da máscara sempre foi recomendado, até mesmo para uma gripe "normal". No entanto, a população não foi "educada" pelas autoridades. Diego chegou a citar como exemplo a Ásia, que faz o uso da máscara assim que apresenta qualquer sintoma viral.
"O uso da máscara é recomendado principalmente para o público com comorbidades, idosos e os que não se vacinaram. Se tivéssemos trabalhado mais em educar as pessoas para o uso da máscara, certamente agora, quando se manifestasse uma gripe que seja, estariam utilizando a máscara. Na Ásia, por exemplo, a gente não vê esse comportamento, porque é um local que enfrentara vários surtos respiratórios e lá instituiu uma cultura do uso de máscara para evitar disseminação de doenças. É importante sempre lembrar a população de como a doença era lá no início e como tem se comportado agora. A gente vê que a doença mudou, você tinha quadros de inflamações, quadros trombóticos, inclusive no pulmão. Agora, a gente vê a doença com comportamento ligado mais a vírus respiratórios, presença de dores na garganta, enfim", disse o especialista.