SUS identificou que essas duas vacinas estavam relacionadas ao aumento de risco de trombose em pessoas com menos de 40 anos, especialmente as mulheres.
Após ser constatado o risco de trombose, especialmente em mulheres, o Ministério da Saúde passou a não recomendar o uso das vacinas contra covid-19 da AstraZeneca e da Janssen em pessoas menores de 40 anos de idade. A decisão consta em nota técnica do órgão publicado em 27 de dezembro de 2022.
De acordo com o documento, do total de 40 casos confirmados e prováveis de trombose, 34 foram atribuídos à vacina da AstraZeneca. Os casos foram registrados entre janeiro de 2021 e setembro de 2022. A maioria ocorreu cerca de duas semanas após a vacinação.
Como consequência, a produção da vacina pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi interrompida e o contrato não renovado. Segundo dados oficiais, até janeiro de 2022, 115,6 milhões de pessoas foram vacinadas com o imunizante em todo o país. Ela foi uma das vacinas mais usadas como dose de reforço no ano passado, antes da publicação da nota técnica.
O sistema de farmacovigilância do Sistema Único de Saúde (SUS) identificou que essas duas vacinas estavam relacionadas ao aumento de risco de trombose em pessoas com menos de 40 anos, especialmente as mulheres. Segundo especialista ouvido pela Rádio França Internacional (RFI), contudo, o risco de trombose por covid-19 ainda é maior que o causado pelas vacinas.
No começo da vacinação, a vacina da Pfizer, considerada mais segura, era reservada quase que exclusivamente aos países desenvolvidos, que podiam pagar mais caro pelas doses. Atualmente, com uma oferta maior do produto, além da disponibilidade da Coronavac, as vacinas da AstraZeneca e da Jansen começam a ser deixadas de lado.
"Nesse caso, o benefício compensava o risco do efeito adverso raro. Mas agora, no Brasil, onde existem contratos específicos para vacinas de RNA e eventualmente para Coronavac, optou-se por não usar mais a vacina da AstraZeneca nos mais jovens. Isso impacta diretamente a utilização global da vacina e os contratos do Ministério da Saúde. Como acima de 40 anos a cobertura para duas doses de vacina em esquema inicial é mais de 95%, o Ministério optou por não renovar o contrato com a Fundação Oswaldo Cruz. Sem contrato, a vacina deixa de ser produzida e utilizada no país", disse Julio Croda, especialista da Fiocruz, em entrevista para a RFI.
(Com informações da Rádio França Internacional Brasil)