O líder supremo do Irã, o aiatolá Seyyed Ali Khamenei, concordou em conceder anistia a “dezenas de milhares” de prisioneiros, entre os quais pessoas condenadas por seu papel nos recentes protestos e tumultos, informou a mídia estatal neste domingo (5).
A mudança coincidiu com o 44º aniversário da Revolução Islâmica Iraniana, que é celebrada no Irã entre 1º e 11 de fevereiro.
Aqueles que participaram dos protestos e motins poderiam ter suas penas reduzidas ou perdoados, desde que não fossem acusados ??de espionagem, contato com agentes de inteligência estrangeiros, não danificassem propriedade do Estado e não ferissem ou matassem ninguém durante os motins, disse a agência de notícias estatal Irna.
Khamenei teria aprovado um pedido de indulto feito pelo chefe do Judiciário do Irã, Gholam Hossein Mohseni-Ejei. O líder supremo emite regularmente veredictos semelhantes por ocasião de várias festividades religiosas.
O número exato de pessoas abrangidas pela anistia não foi revelado, mas a IRNA informou que “dezenas de milhares” poderiam ser perdoadas. Também não está claro quantos deles foram condenados por participação nos protestos.
O Irã passou por meses de protestos e tumultos provocados pela morte de uma jovem, Mahsa Amini, sob custódia da polícia em setembro. Amini foi presa por usar um hijab “inadequado” e morreu sob custódia da polícia horas depois. Sua família insistiu que ela foi espancada até a morte, enquanto as autoridades iranianas disseram que ela morreu devido a uma condição médica.
Os EUA, a UE e algumas outras nações acusaram Teerã de uma violenta repressão aos manifestantes e impuseram uma série de sanções contra o Irã. O Parlamento da UE adotou uma resolução no mês passado pedindo a Bruxelas e aos estados membros da UE que coloquem na lista negra o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica como uma organização terrorista.
A medida provocou uma reação furiosa em Teerã, com o parlamento iraniano alertando a UE de que, se o fizesse, o Irã retaliaria declarando todos os exércitos da UE como organizações terroristas.
O Irã também negou as alegações de que a morte de Amini foi resultado da brutalidade policial e insistiu que a agitação no país foi incitada do exterior. Washington e Bruxelas usaram os protestos como desculpa para impor sanções adicionais e aumentar as tensões sociais no Irã, disse Teerã.