Na época, o jogador defendia o Sampaio Corrêa-AM. O Dourado não quis comentar sobre o assunto
Olateral Mateusinho, do Cuiabá, se tornou réu na ação que apura um esquema de manipulação em jogos da série B do Campeonato Brasileiro do ano passado. Além dele, outros sete jogadores foram alvos da operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, em fevereiro. O Cuiabá afirmou que não vai se posicionar sobre o caso.
A Justiça recebeu a denúncia oferecida pelo MP-GO contra 14 pessoas, incluindo Mateusinho, que vai responder pelos crimes de organização criminosa e manipulação de resultados. A pena prevê reclusão de dois a seis anos e multa.
Tornaram-se réus na ação Bruno Lopez de Moura (vulgo BL), Camila Silva da Motta, Ícaro Fernando Calixto dos Santos, Luís Felipe Rodrigues de Castro, Victor Yamasaki Fernandes, Zildo Peixoto Neto, Allan Godoi dos Santos, André Luís Guimarães Siqueira Júnior (André Queixo), Mateus da Silva Duarte (Mateusinho), Paulo Sérgio Marques Corrêa, Ygor de Oliveira Ferreira (Ygor Catatau), Marcos Vinicius Alves Barreira (Romário), Joseph Maurício de Oliveira Figueredo e Gabriel Domingos de Moura.
A investigação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), teve início diante de indícios da prática de corrupção esportiva apresentados por Hugo Jorge Bravo de Carvalho, presidente do Vila Nova Futebol Clube, uma das agremiações envolvidas nas partidas e, inclusive, potencialmente vítima do esquema.
Ele apontou evidências da atuação ilícita do réu Bruno Lopez na manipulação dos resultados das partidas entre Vila Nova x Sport, Tombense x Criciúma e Sampaio Corrêa x Londrina visando a beneficiar apostadores. Bruno afirmou para ele que realizava tratativas com Romário, atleta do Vila Nova, para que organizasse e providenciasse, ainda que com terceiros, o cometimento de pênalti de sua equipe no primeiro tempo da partida que ainda seria realizada com o Sport Club Recife.
Bruno Lopez relatou ainda ao presidente do Vila Nova que também realizou tratativas com outros dois atletas, o Mateusinho, ex-Sampaio Corrêa - hoje no Cuiabá) e outro da Tombense, para que igualmente assegurassem a ocorrência de penalidade máxima no primeiro tempo das partidas entre Sampaio Corrêa x Londrina e Tombense x Criciúma, o que de fato ocorreu. A ocorrência das penalidades favoreceria alguns apostadores.
Pagamento a jogadores
De acordo com a denúncia, a atuação consistia em abordar jogadores profissionais com a oferta de elevados valores financeiros – em torno de R$ 150 mil para cada atleta "contratado" –, aos quais era pago um adiantamento como "sinal" da negociação, geralmente no valor de R$ 10 mil.
A oferta se destinava a convencê-los a manipularem resultados ou assegurarem a ocorrência de eventos durante os jogos, como cometimento de pênaltis no primeiro tempo, cartões amarelos ou vermelhos em determinada etapa da partida, diferença de gols no primeiro tempo, entre outros, sempre em jogos previamente selecionados.
Segundo apurado, a corrupção tinha a intenção de, ao final, assegurar aos denunciados expressivos lucros em apostas feitas por eles em sites de casas esportivas, como www.bet365.com e www.betano.com, contando com elevado número de contas criadas nos mesmos sites, geralmente em nome de terceiros, como forma de assegurar e maximizar os ganhos com os ilícitos.
Réu na ação, Mateusinho chegou ao Cuiabá no início da temporada e assinou contrato até o fim de 2027. A equipe auriverde adquiriu 50% dos direitos econômicos do jogador por R$ 1,3 milhão, com opção de compra de mais 25%. O atleta de 24 anos estava no Sampaio Corrêa-MA, onde disputou quase 50 jogos no ano passado. (Com Assessoria)