Política Atentados

PCC planejava matar e sequestrar autoridades; Moro era alvo

Segundo a PF, os ataques ocorreriam de forma simultânea, e os principais investigados estão no Paraná e em São Paulo. Flávio Dino, ministro da Justiça, confirmou que os alvos seriam um senador e um promotor.

Por Comando da Notícia

22/03/2023 às 09:49:40 - Atualizado há

A Polícia Federal cumpre, na manhã desta quarta (22), 11 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão em quatro estados do país contra uma organização criminosa que pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades. O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) era um dos alvos do grupo, de acordo com informações confirmadas pela assessoria do parlamentar à Gazeta do Povo.

As investigações da Operação Sequaz descobriu que o grupo pretendia cometer crimes como homicídios e extorsão mediante sequestro no Distrito Federal e nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rondônia. A operação em si cumpre os mandados nestes últimos quatro estados.

Segundo a PF, os ataques ocorreriam de forma simultânea, e os principais investigados estão no Paraná e em São Paulo. Flávio Dino, ministro da Justiça, confirmou que os alvos seriam um senador e um promotor.

"Foi investigado e identificado um plano de homicídios contra vários agentes públicos (dentre os quais um senador e um promotor de Justiça). Hoje a Polícia Federal está realizando prisões e buscas contra essa quadrilha", disse o ministro Flávio Dino, da Justiça, em uma postagem no Twitter.

Já Sérgio Moro disse, através das redes sociais, que "sobre os planos de retaliação do PCC contra minha pessoa, minha família e outros agentes públicos, farei um pronunciamento à tarde na tribuna do Senado. Por ora, agradeço a PF, PM/PR [Polícia Militar do Paraná], Polícias legislativas do Senado e da Câmara, PM/SP [Polícia Militar de São Paulo], MPE/SP [Ministério Público Estadual de São Paulo], e aos seus dirigentes pelo apoio e trabalho realizado".

A descoberta da organização criminosa e a realização da operação ocorrem um dia depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizer que pretendia se vingar do ex-juiz quando estava preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, entre os anos de 2018 e 2019, onde passou 580 dias detido. Moro foi o responsável pela condenação que o levou à prisão no processo referente ao tríplex do Guarujá, que teria sido adquirido com dinheiro de propina da construtora OAS.

A operação é realizada por cerca de 120 agentes e já apreendeu um automóvel e uma motocicleta de luxo, dinheiro em espécie guardado em um cofre, relógios e correntes

Moro ordenou transferência de líder do PCC quando era ministro da Justiça

Em 2019, durante o primeiro ano como ministro da Justiça, Sérgio Moro assinou uma portaria junto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que ordenou a transferência de Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, para a Penitenciária Federal de Porto Velho (RO) após a descoberta de um plano de resgate do presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau (SP), onde estava detido.

Marcola é considerado o chefe máximo do PCC e dividia a penitenciária com outros líderes de facções rivais, como Comando Vermelho, Família do Norte e aliados do Terceiro Comando Puro. Além Marcos Camacho, também foram transferidos outros 21 membros do PCC para os presídios federais de Mossoró (RN) e Porto Velho (RO).

Na época, investigações apontaram que a facção pretendia utilizar um exército de mercenário para o resgate de Marcola e de parte da cúpula do PCC em Presidente Venceslau, com o bloqueio de rodovias e ataques a viaturas e ao helicóptero da polícia. Um plano semelhante de atentados contra autoridades também foi descoberto pouco antes, em 2018, caso a transferência do líder fosse determinada – o que não se concretizou.

Segundo a inteligência policial, o ex-secretário do governo da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) Lourival Gomes, um diretor de presídio e um deputado estadual. O total de penas impostas a Marcola ultrapassa 300 anos.

Pouco mais de um mês depois, Marcola foi transferido para o presídio federal de Brasília após a descoberta de um plano de fuga, o que gerou reação do governador Ibaneis Rocha (MDB). "Não podemos instalar o crime organizado dentro da capital da República", disse na ocasião.

Marcola, no entanto, ficou em Brasília até 2022, quando o então ministro da Justiça, Anderson Torres, determinou a transferência mais uma vez ao presídio rondoniense. Outro suposto plano de fuga descoberto em janeiro deste ano fez o ministro Flávio Dino, também da Justiça, ordenar a volta do líder do PCC para a capital federal.

PCC foi alvo de operação na terça

A mesma facção criminosa citada por Moro foi alvo de uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) nesta terça (21) na cidade de São José do Rio Preto, interior de São Paulo.

Segundo o MPE-SP, a operação teve como alvo o tráfico de drogas e outros crimes relacionados à facção, sendo que um dos investigados já estava preso e comandava as operações de dentro do presídio.

Ao todo, a operação do Gaeco cumpriu sete mandados de prisão e dez de busca e apreensão.


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