Policial penal é suspeito de aplicar golpes com falsos investimentos em apostas esportivas
Conforme relato de vítimas, ele prometia o dobro do valor investido e em alguns casos até o triplo. Um colega de profissão perdeu R$ 52 mil no esquema de pirâmide financeira.
Por Comando da Notícia 22/03/2023 às 17:44:42 - Atualizado há
O policial penal de Juína (735 km de Cuiabá), José Luiz de Souza Júnior, de 37 anos, é investigado por suspeita de aplicar golpes financeiros através de supostas apostas esportivas em site especializado. Conforme relato de vítimas, ele prometia o dobro do valor investido e em alguns casos até o triplo. Um colega de profissão perdeu R$ 52 mil no esquema de pirâmide financeira.
O modus operandi seria receber o dinheiro da vítima, prometer retorno de 100% e confirmar que o valor dobrou. No entanto, quando a vítima pede para retirar o investimento e o lucro, começam as desculpas. "Nas minhas "pesquisas" constatei que com todos aconteceu a mesma coisa que comigo: Capitou o dinheiro, apostou, disse que conseguiu dobrar, mas ao solicitar a retirada (conforme ele próprio acordou de início), ele simplesmente some, dá perdido, não faz o tal PIX, enrola, inventa desculpas e nisso a vítima fica lá, aguardando o valor que nunca vem", alerta uma das vítimas em grupo do WhatsApp.
Conforme boletim de ocorrência obtido pela reportagem com relato de uma das vítimas, José teria procurado um amigo de profissão com promessa de retorno de duas ou até três vezes do valor investido. A vítima resolveu depositar R$ 5 mil e após alguns dias, o suspeito afirmou ter dobrado o capital. Animado com os falsos ganhos, a vítima realizou empréstimo e investiu mais R$ 25 mil. Porém, até então ele não havia recebido o dinheiro do primeiro lucro.
Depois de uma semana, o suspeito disse ter conseguido lucrar mais R$ 150 mil com o dinheiro da vítima e afirmou que a liberação do valor acontecia em até cinco dias. Passado o prazo, José disse ter transferido o valor de R$ 150 mil para a própria conta, já que segundo ele, a plataforma de apostas cobraria uma taxa de R$ 22,5 mil para fazer a liberação.
Mais uma vez a vítima efetuou transferência de R$ 12,5 mil e pediu para José somar com o primeiro ganho R$ de 5 mil e o lucro, ou seja R$ 10 mil. José também teria prometido inteirar com mais R$ 500 para totalizar os R$ 22,5 mil.
Dias depois, José disse que a "taxa" para retirada do dinheiro teria aumentado para R$ 25 mil e pediu mais dinheiro para a vítima. Para completar o valor, a vítima chegou a pegar dinheiro emprestado e zerou todas suas economias.
Após muita cobrança, o suspeito apresentou mais uma justificativa e disse que a plataforma de apostas realizaria o pagamento parcelado, pois o montante era de R$ 240 mil. A primeira parcela deveria ser paga em outubro de 2022, o que não aconteceu.
Em contato com um colega de profissão da cidade de Juína, a vítima descobriu que ele também teria sido vítima do golpe praticado na modalidade de pirâmide financeira. Quando informou ao suspeito que iria prestar queixa contra ele, o homem restituiu o valor de R$ 5 mil, restando pagamento de R$ 52 mil. Diante do caso, a vítima se deslocou até Delegacia de Sinop, onde registrou boletim de ocorrência.
Policial nega
O suspeito foi procurado pela reportagem e desconversou. "Volto a repetir, não tenho nenhuma pirâmide e nem sei como funciona pirâmide", afirma.
A Polícia Civil informou que a Delegacia de Juína instaurou investigação preliminar (AIP) para apurar supostos golpes cometidos pelo servidor, contra o qual há registros de ocorrências cujas vítimas são colegas de trabalho.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), por meio da adjunta de Administração Penitenciária (Saap), disse que o policial se encontra afastado das funções e que, desde a primeira denúncia foi aberto um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) que se encontra no Unidade Setorial de Correição (Unisecor) para apreciação e deliberações que o caso requer.