O vídeo indigesto do líder espiritual do Tibet, Tenzin Gyatso, mais conhecido como Dalai Lama, assediando um garoto na Índia causou revolta nas redes sociais. Nas imagens, o guru, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1989, beija a criança na boca e depois pede que o menino “chupe” a sua língua.
Apesar das imagens de embrulhar o estômago, boa parte dos jornalistas resumiram o ato grotesco a “Dalai Lama pede selinho para menino na Índia e gera revolta”. Um eufemismo tão incômodo, que beira a complacência. O mesmo jeitinho doce de tratar os companheiros alinhados ideologicamente. Os mesmos blogueiros que classificam as cantadas de pedreiro como “assédio mortal”, tiveram o cuidado de não tocar na palavra assédio no caso do guru budista e do menino indiano.
O pedido de desculpas de Dalai Lama veio logo após a repercussão negativa e ganhou mais destaque na imprensa do que o assédio em si. Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (10), o escritório do chinês afirmou que ele “costuma provocar as pessoas que conhece de maneira inocente e divertida”. Ah! Como não pensamos nisso, não é mesmo? O quão “divertido” pode ser um adulto pedindo para uma criança chupe a sua língua? Isso tem nome. Chama-se pedofilia, e essa constatação óbvia passou longe da mídia. Nenhum jornalista — além desta que vos escreve — teve coragem de dizer que a grama é verde.
Dalai Lama deveria fazer suas meditações na cadeia.