O homem morto a tiros era servidor da UPA e motorista de aplicativo
Um policial militar, que não teve o nome divulgado, confessou ter assassinado a tiros o servidor público e motorista de aplicativo Marcelo Oliveira da Costa, de 39 anos, no dia 2 deste mês, no Residencial Alberto Canelas, em Várzea Grande. O militar alega que Marcelo, que era atendente na UPA do Ipase, teria assediado a esposa dele durante uma corrida, ao supostamente desviar a rota indicada para o destino que a mulher iria.
As informações foram confirmadas pelo delegado André Ribeiro, responsável pelo caso na Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ele já ouviu oito pessoas no inquérito e confirmou que o militar entregou a arma e confessou a autoria do homicídio. No entanto, a versão do suposto assédio não está confirmada e será investigada pela Delegacia da Mulher.
"Temos um homicídio consumado e um autor que se apresentou, entregou a arma do crime e apresentou sua justificativa que segundo ele sua esposa teria sido abusada sexualmente durante uma corrida de aplicativo. Porém, nada disso justifica você tirar a vida de alguém. E, em qualquer situação, o correto é você acionar a polícia e não ir lá e resolver seus problemas pessoais que se não nem precisa de polícia e da Justiça", pontuou o delegado.
Em uma entrevista ao programa Cadeia Neles, da TV Vila Real, a suposta vítima contou que sentiu bastante medo do motorista e que ela desceu do carro ao encontrar um grupo de mulheres paradas em uma rua.
"Estava com bastante medo dentro do carro porque ele estava mudando o trajeto e daí perguntei moço senhor não tá me levando para o local correto e, nisso, ele falou que eu já iria chegar ao meu destino e começou a sorrir. Depois, falou que minha boca era grande e devia ser quentinha. Nisso fiquei com medo e pensava nas minhas filhas, ele também me mostrou uma arma e em um momento que vi um grupo de mulheres pulei do carro", disse a mulher na entrevista.
Conforme o delegado André Ribeiro, as mulheres que estavam na rua já foram identificadas e serão intimadas a prestarem esclarecimentos na delegacia.
Por fim, o policial militar também falou ao Programa Cadeia Neles, e confirmou que, por conta própria fez uma espécie de "investigação paralela", obteve a placa do carro e foi até a casa de Marcelo Oliveira tirar satisfaçãoo sobre o suposto assédio contra sua esposa.
"Tirei foto da placa, pulei dentro da casa e conferi se era realmente o carro. O carro estava com a porta aberta e nisso eu aproveitei e peguei a arma que estava lá. Nesse momento os cachorros dele vieram para cima de mim e ele saiu na porta da casa. No momento que ele fez um movimento brusco de ir até o carro procurar a arma eu atirei e fui embora. A princípio, eu tinha levado um facão para o local que iria capar ele e entregar na delegacia", detalhou.
Mesmo com os depoimentos da suposta vítima e do policial, familiares, amigos e colegas de trabalho de Marcelo refutam, com veemência, a denúncia de assédio. Eles fizeram uma manifestação em frente a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para pedir Justiça e que a investigçaão seja conduzida de forma célere.
Uma irmã de Marcelo concedeu entrevista e relatou que a viúva del está com muito medo juntamente com o filho e até deixou a própria residência. "Ele era trabalhador e pai de família. E, esse policial em nenhum momento agiu como manda a lei. Agora, a esposa do meu irmão e as filhas estão fugindo com medo de alguém ainda aparecer e fazer ameaças para elas. Não concordamos que ele era estuprador. Cadê então as demais vítimas assediadas. Meu irmão era limpo e não tinha nenhuma passagens policiais. Agora, este policial sabemos que responde na Justiça por outros processos", afirmou a mulher, indignada com as acusações e com o assassinato do irmão.
O homicídio qualificado segue sob investigação pela DHPP. Já a versão de assédio sexual contra a esposa do militar será investigada pela Delegacia da Mulher.