Durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, 22, em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75%, maior patamar desde 2016. Este é o período mais longo no qual a taxa esteve estacionada desde junho de 2019, quando a Selic foi mantida em 6,50% por 10 reuniões, ou quase um ano. O mandatário, que está em viagem diplomática na Itália, declarou que a decisão do colegiado é “irracional” e pediu que o Senado Federal cobre o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto: “Não se trata de o governo brigar com o Banco Central. Quem está brigando com o Banco Central é a sociedade brasileira. É irracional o que está acontecendo no Brasil, você ter uma taxa de 13,75% com uma inflação de 5%, ou seja, cada vez que reduz meio ponto a inflação, aumenta o juro real no país. Não é possível ninguém tomar dinheiro emprestado para pagar 14% ao ano, às vezes 18% ao ano”.
“O problema não é do governo, é da sociedade brasileira. Eu tenho cobrado dos senadores, foram eles que colocaram esse cidadão lá. Os senadores têm que analisar se ele está cumprindo aquilo que ele tem de cumprir. Na lei que está aprovada, ele tem que cuidar da inflação, do crescimento econômico e da geração de emprego. Então, ele tem que ser cobrado, é só isso. Quando o presidente indicava o presidente do Banco Central, quem era cobrado era o presidente. Você tem noção de quantos presidentes do Banco Central o Fernando Henrique Cardoso afastou, foram três ou quatro. Agora, não. O presidente não pode fazer nada, porque ele não foi indicado pelo presidente, ele foi indicado pelo Congresso Nacional. O Senado é que tem responsabilidade de cobrar dele”, declarou.
Apesar da pressão do governo e dos avanços econômicos conquistados desde a última reunião do Copom, como melhora nas perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e na avaliação de risco de investimento do país, a autoridade monetária optou pela manutenção da Selic, mas a ata do colegiado dá indicativos de que um ciclo de baixa pode de fato começar em agosto, como esperam analistas do mercado financeiro. Na opinião de Lula, Roberto Campos Neto não teria justificativas para defender a manutenção dos juros: “Eu acho que esse cidadão joga contra a economia brasileira. Não existe explicação aceitável do porquê a taxa de juros está em 13,75%. Não temos inflação de demanda (…) Sinceramente, eu acho que esse cidadão está jogando contra os interesses da economia brasileira”. O presidente da República agora segue para Paris, na França, onde participará da Cúpula para um Novo Pacto Global de Financiamento, evento organizado pelo presidente francês Emmanuel Macron.
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