Além da irracionalidade das mulheres brigando causa-nos desconforto a atitude de quem contempla. Uns são indiferentes com a vida ali exposta entre choques de cabeça que roçam o meio-fio, outros, mais tristemente, buscam o melhor ângulo para os vídeos que se converterão em likes e engajamento. Autopromoção com a desgraça alheia.
Nisso tudo, esquece-se que a segurança pública é sim dever do Estado, mas também responsabilidade de todos.
Perde-se uma vida mas não perde-se o like, e a situação de expor uma tragédia está acima de evitá-la. Em dada altura ouve-se alguém dizer que está filmando tudo, outros chegam a gritar extasiados, como quem põe mais lenha na fogueira. Deveria chocar, mas na verdade diverte. Deveria nos horrorizar a desumanidade, mas infelizmente somos forçados ao costume.
O que serviu de entretenimento poderia ter terminado com uma vida ceifada, e não exagero em dizer isso. Com um crânio rachado, provavelmente quem se entretia passaria a se incomodar, talvez certo constrangimento. Mas, no dia seguinte a roda da vida voltaria a girar e daria às polícias a responsabilidade em não ter prevenido mais um homicídio.
Alexandre Mendes - Cel PM
Comandante-Geral da PMMT