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Mundo animal

Estudo revela três perfis de relacionamento entre humanos e cães


Foto: Gazeta Brasil

Os cães são frequentemente chamados de "o melhor amigo do homem", mas um estudo recente sugere que alguns donos podem precisar repensar esse título ao considerar os diferentes tipos de vínculo que têm com seus animais de estimação.

Pesquisadores da Universidade Eötvös Loránd realizaram uma pesquisa com 800 donos de cães e identificaram três perfis distintos de relacionamento entre os pets e seus tutores.

De acordo com Laura Gillet, principal autora do estudo, o levantamento revelou que, apesar de os dados terem sido coletados de grupos online voltados para cães de família, os donos não compartilham o mesmo ponto de vista sobre os cães. "Descobrimos três perfis distintos de donos cujos cães desempenham papéis sociais e práticos variados."

Três Perfis de Donos

Os donos classificados como "colegas amigáveis" enxergam seus cães como colegas de trabalho e até como guardiões de segurança, mas com um vínculo emocional forte. "Pais de cães", por outro lado, têm uma ligação emocional muito próxima, tratando seus cães de forma mais humana, sem se preocupar tanto com as funções práticas do animal. Já os "companheiros" mantêm os cães principalmente como companhia, mas preservam uma certa distância emocional.

Em muitas culturas ocidentais, é comum que os donos vejam seus cães como melhores amigos, membros da família ou até como "filhos peludos". No entanto, até o momento, havia pouca pesquisa sobre essa tendência social e como ela impacta a vida cotidiana dos cães.

O Estudo e Seus Resultados

O estudo, que contou com a participação de 800 donos de cães, investigou o tipo de relacionamento que eles possuem com seus pets, abordando desde os aspectos afetivos até os práticos. Os resultados mostraram que quase todos os donos entrevistados apreciam o contato físico com seus cães (97,6%), a "amizade incondicional" proporcionada pelos cães (93,7%) e a beleza de seus animais (88,4%).

No entanto, outros benefícios mostraram resultados mais variados. Cerca de 24,3% dos donos não se beneficiaram das interações sociais geradas pelos seus cães, enquanto 36,3% relataram gostar muito dessa troca social.

Os Três Perfis de Donos

Com base nos achados, os pesquisadores afirmam que os donos de cães podem ser classificados em três grupos distintos:

  1. Colegas Amigáveis (31,1% dos donos): Esses donos veem seus cães como uma combinação de companheiros e "funcionários", com um vínculo emocional, mas também com funções práticas. Donos desse tipo tendem a ter raças como Border Collie, Pastor Belga e Pastor Alemão.
  2. Pais de Cães (49,5% dos donos): Esses donos têm uma conexão muito íntima e humana com seus cães, vendo-os mais como membros da família do que como animais com funções práticas. Raças comuns entre esses donos incluem Vizsla, Boxer e Dachshund.
  3. Companheiros (19,4% dos donos): Esses donos mantêm os cães principalmente para companhia, mas preferem manter uma certa distância emocional. Donos desse perfil costumam ter raças como Mudi, Cocker Spaniel Inglês e Labrador Retriever.

A Complexidade da Relação Entre Humanos e Cães

A professora Eniko Kubiny, chefe do Departamento de Etologia, comentou que diversos fatores, tanto humanos quanto caninos, influenciam esses perfis. "Cães com funções duplas, como os 'colegas amigáveis', tendem a ser mais obedientes e são treinados com reforço positivo e métodos profissionais, como o treinamento com clicker."

Os pesquisadores esperam que os resultados deste estudo inspirem mais pesquisas sobre a relação complexa entre humanos e cães. "Embora exista uma tendência geral nas culturas ocidentais de ver os cães como membros da família que oferecem amor incondicional e apoio, este estudo destaca que nem todos os donos de cães são iguais, mesmo entre um grupo de pessoas interessadas em estudar o comportamento canino", afirmaram os pesquisadores em seu estudo, publicado na revista Scientific Reports.

Dicas para Compreender Melhor os Cães

A pesquisa também trouxe uma lista de dicas de especialistas em comportamento animal, como os Drs. Melissa Starling e Paul McGreevy, da Universidade de Sydney, sobre como entender melhor os cães:

  1. Cães não gostam de compartilhar.
  2. Nem todos os cães gostam de ser abraçados ou acariciados.
  3. Um cachorro que late não é necessariamente agressivo.
  4. Cães não gostam que outros cães entrem em seu território/casa.
  5. Cães gostam de estar ativos e não precisam de tanto tempo de descanso como os humanos.
  6. Nem todos os cães são excessivamente amigáveis, alguns são mais tímidos no começo.
  7. Um cão que parece amigável pode rapidamente se tornar agressivo.
  8. Cães precisam de espaço aberto e novas áreas para explorar. Brincar no jardim nem sempre é suficiente.
  9. Às vezes, um cão não está se comportando mal, ele simplesmente não entende o que fazer ou o que você quer.
  10. Sinais faciais sutis frequentemente antecedem latidos ou rosnados quando um cão está desconfortável.

Este estudo destaca a complexidade da relação entre humanos e seus cães, revelando que, embora a maioria veja os cães como membros da família, há diversas formas de vínculo e interação que moldam essa convivência.

GAZETA BRASIL

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