Uma empresa de segurança espanhola, a UC Global, SL, está sob investigação por alegadamente espionar vários ex-chefes de estado latino-americanos, conforme reportado pelo jornal El País.
Uma empresa de segurança espanhola, a UC Global, SL, está sob investigação por alegadamente espionar vários ex-chefes de estado latino-americanos, conforme reportado pelo jornal El País. Essa investigação ganhou novo fôlego depois que o juiz espanhol Santiago Pedraz ordenou um novo exame no laptop de David Morales, o chefe da UC Global, SL.
As suspeitas sobre as atividades da empresa surgiram em 2019, quando um vazamento de dados do MacBook de Morales revelou suas supostas ações de espionagem na embaixada do Equador em Londres, onde Julian Assange estava abrigado. Contudo, a polícia espanhola não conseguiu extrair todos os arquivos relevantes na primeira tentativa.
Novas evidências agora indicam que Morales e sua equipe secretamente monitoraram reuniões do ex-presidente equatoriano Rafael Correa com quatro ex-chefes de estado: Cristina Fernandez de Kirchner (Argentina), Lula da Silva e Dilma Rousseff (Brasil), e José Mujica (Uruguai). O governo equatoriano de Correa havia contratado a UC Global, SL para fornecer segurança na missão diplomática em Londres, mas a empresa acabou espionando Assange e seus advogados. Posteriormente, Morales passou a espionar Correa, especialmente após ele deixar o cargo.
De acordo com o El País, a UC Global, SL instalou secretamente vírus Trojan nos celulares das duas filhas de Correa, permitindo o acesso às suas mensagens. Além disso, funcionários da empresa foram contratados pelo governo equatoriano como guarda-costas de Correa em uma viagem privada em 2018, depois que ele deixou a presidência. Morales compilou relatórios em inglês sobre as reuniões do ex-presidente, incluindo menções frequentes à “CIA” em um disco rígido externo analisado pelas autoridades espanholas.
As novas informações também sugerem a possível entrega de gravações de conversas entre Assange e seus advogados na embaixada do Equador em Londres para a CIA. Além disso, Morales teria vazado informações sobre Correa para seu sucessor, o presidente equatoriano Lenin Moreno.
Em abril, o El País já havia denunciado que a UC Global, SL instalou microfones secretos na embaixada do Equador em Londres para monitorar Assange e seus visitantes. Essas revelações levantam preocupações significativas sobre questões de privacidade, espionagem e uso inadequado de informações sensíveis por parte da empresa espanhola.
A investigação em curso procura esclarecer a extensão das atividades de espionagem da UC Global, SL e suas implicações legais e diplomáticas. Enquanto isso, a comunidade internacional e as autoridades espanholas acompanham de perto os desdobramentos desse caso, que abala a confiança nas práticas de segurança e vigilância.