O mercado não gosta de indicações políticas para o comando de empresas, especialmente as listadas. Prova disso está na queda de 1,93% nas ações da metalúrgica Tupy nesta segunda-feira, primeiro pregão após a nomeação dos ministros Anielle Franco (Igualdade Racial) e Carlos Lupi (Previdência) para o conselho de administração da companhia. Os dois, que não possuem qualquer formação ou experiência no setor metalúrgico, substituíram nomes técnicos do BNDES: Carla Gaspar Primavera, economista especializada em projetos no setor de energia, e Fabio Rego Ribeiro, engenheiro de produção. Anielle é jornalista com formação em inglês e Lupi é professor e político.
“Não é errado o BNDES ou BNDES Par indicar pessoas para o conselho de administração de empresas que eles têm participação. Porém, é importante que os políticos façam seu papel de políticos e deixem os profissionais da área fazerem o trabalho deles. Em maio, já tivemos mudança no Comitê de Auditoria e Riscos Estatutários com a inclusão de duas pessoas com fortes ligações com governos e a área pública”, diz Felipe Pontes, doutor em contabilidade e sócio da L4 Capital.
Segundo ele, “não houve, aparentemente, processo seletivo para verificar se haviam outros conselheiros potencialmente mais capacitados para o cargo”. Apesar da nomeação de Anielle e Lupi pelo governo, os nomes ainda precisam ser aprovados em Assembleia Geral. Ao longo do pregão de hoje, as ações da Tupy chegaram a despencar 3,74%, sendo cotadas a R$ 25,51, recuperando parte do valor no fim da tarde. A metalúrgica consta como segunda colocada no ranking de empresas listadas na B3 com maior risco de interferência do BNDES.
Jovem pan