Rubiales está oficialmente fora do futebol desde a tarde de domingo. Depois de ter beijado à força a jogadora Jenni Hermoso, o mandatário chegou a resistir às pressões, disse que era um beijo consentido e que não havia problema nele, mas não suportou as cobranças e oficializou sua renúncia da presidência da RFEF e também da vice-presidência da Uefa.
A pressão sobre Rubiales vinha crescendo a cada semana, desde o polêmico beijo, no dia 20 de agosto. A última atualização sobre o caso havia ocorrido na sexta-feira, quando o Ministério Público da Espanha abriu uma ação contra ele por agressão sexual e coerção.
Na última terça-feira, a jogadora se reuniu com representantes do Ministério Público e formalizou uma denúncia contra Rubiales, o que abriu caminho para o caso ser levado à esfera criminal. Essa investigação poderá ter um braço internacional, alcançando as autoridades australianas porque o fato em questão aconteceu na cidade de Sydney.
De acordo com os promotores espanhóis, Hermoso relatou ter sido pressionada a falar em defesa do presidente assim que a imagem do episódio começou a correr o mundo, minutos depois do título. O MP pediu que o dirigente comparecesse perante o tribunal para prestar depoimento preliminar. Se o juiz concordasse, seria conduzida uma investigação formal que terminaria com uma recomendação para que o caso fosse arquivado ou iria a julgamento.
Até então, havia dificuldade em levar a questão aos tribunais, uma vez que o artigo 191.1 do Código Penal da Espanha determina que a atuação em casos de agressão sexual só pode ocorrer quando a denúncia vem da própria vítima ou de um representante legal. O MP só costuma dar o pontapé inicial em casos nos quais as vítimas são menores ou possuam algum tipo de deficiência.
Com a denúncia de Hermoso e ação do Ministério, de acordo com uma nova lei sobre consentimento sexual aprovada no ano passado, o dirigente poderá enfrentar multa ou pena de prisão de um a quatro anos se for considerado culpado.
Na esfera esportiva, Rubiales já enfrentou consequências e foi afastado por 90 dias pela Fifa, enquanto uma investigação interna é conduzida pela entidade. Era esperado que o dirigente renunciasse, mas, em assembleia geral extraordinária da Federação Espanhola, ele garantiu que não entregaria o cargo, disse ser vítima de perseguição e defendeu-se dizendo que o beijo foi consentido.
Hermoso o rebateu e afirmou que não houve consentimento em nenhum momento. A atacante e as demais companheiras de seleção comunicaram que não defenderão mais a Espanha enquanto “os atuais dirigentes continuarem no poder”.
PBN Online