Após 29 anos de espera, os professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) receberão um reajuste de 28,86% em seus salários.
Após 29 anos de espera, os professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) receberão um reajuste de 28,86% em seus salários. A decisão foi proferida nesta terça-feira (13.09) pelo Juiz Federal Cesar Augusto Bearsi, da 3ª Vara Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso. Não cabendo mais recursos em razão de decisões anteriores do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), a UFMT deve realizar a incorporação do valor dentro dos próximos 30 dias úteis nos vencimentos dos docentes.
A batalha judicial teve início em 1994, quando a ação foi iniciada, culminando em uma decisão transitada em julgado em 1996 a favor dos docentes. À época, o governo de Fernando Collor concedeu um reajuste para o funcionalismo público, mas que foi aplicado somente para os militares. Os civis foram excluídos, o que gerou a ação na Justiça requerendo igualdade de tratamento. Desde então, um longo e complexo processo burocrático e jurídico se desenrolou para que os professores pudessem efetivamente receber o aumento.
É o que explica a professora Lélica Lacerda, diretora geral adjunta da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-SSind). “São quase 30 anos de luta coletiva do nosso sindicato, da nossa categoria, por isonomia salarial, de um país que recorrentemente considera setores de violência e punição mais importantes que setores da educação. Infelizmente, muitos daqueles que iniciaram esse processo já se foram. Alguns deles morreram na pandemia sem poder usufruir dos frutos dessa luta que foi iniciada há 30 anos. Então, a nossa geração herda o triunfo de uma luta intergeracional”, afirma.
Conforme o advogado Alexandre Pereira, que representa a Adufmat-SSind, organização que promoveu a ação, ao longo destes anos, a Universidade entrou com diversos recursos a fim de protelar o pagamento. Durante alguns intervalos, dois grupos de professores chegaram a receber os ajustes, que foram cancelados por decisões judiciais posteriores.
Como conta o jurista, a ação foi iniciada ainda com seu pai, o advogado e professor de Direito da UFMT, Eleni Alves Pereira, falecido em 2016. Nos próximos meses, a equipe jurídica da Associação apresentará os cálculos dos valores retroativos. Isso garantirá que cada professor receba os valores que deixaram de receber ao longo de quase três décadas. Os docentes devem começar a receber esses valores devidos em 2025.
Conquista coletiva
Para o professor Maelison Neves, diretor geral da Adufmat-Ssind, a decisão finalmente corrige uma injustiça de décadas. "A origem do processo é uma injustiça em que no período do governo Collor houve um reajuste para o funcionalismo público, mas que foi aplicado somente para os militares. Os civis foram excluídos. Diante dessa perda de isonomia a Adufmat entrou com uma ação na Justiça requerendo igualdade de tratamento", explica o docente.
A decisão tem sido comemorada pelos professores, que se reúnem na sede da Adufmat nesta quarta-feira (13.09). "Essa notícia é uma alegria para a Adufmat, porque estamos em campanha salarial há muito tempo. Nossos salários estão defasados. Nós não temos nenhum reajuste desde 2019. Entendendo que todo trabalhador tem o direito de ter recomposição inflacionária no seu salário, isso não acontece com o funcionalismo público. Temos alegria e consciência de que só foi possível em razão da organização coletiva dos professores", finaliza Neves.
O PNB Online entrou em contato com a administração da UFMT para comentar a decisão. Não recebemos retorno até o fechamento desta matéria.