Recém-integrado ao programa paulistano “Ruas Abertas”, o tradicional bairro da Liberdade, no centro de São Paulo, terá quatro de suas vias fechadas para carros aos domingos e feriados. A iniciativa começa a partir de 1º de outubro. Os logradouros serão fechados para veículos, e liberadas para o uso e circulação exclusiva de pedestres, entre 9h e 20h. Trata-se de uma proposta semelhante ao que já ocorre na Avenida Paulista, que faz parte do mesmo programa desde 2015. As vias fechadas serão a Rua dos Estudantes (entre a Av. da Liberdade e Rua da Glória), a Rua dos Aflitos, a Rua Américo de Campos (trecho entre a Rua Galvão Bueno e a Rua da Glória) e a Rua Galvão Bueno (trecho entre a Rua Américo de Campos e a Praça da Liberdade). A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) vai monitorar o trânsito nas redondezas e orientar os motoristas com relação aos desvios necessários. A implementação do projeto tem caráter experimental, com a possibilidade de ajustes, segundo a Prefeitura de São Paulo. Em uma 2ª etapa do “Ruas Abertas Liberdade”, há a previsão de obras na região, como ampliação de calçadas. O “Ruas Abertas na Avenida Paulista” foi transformado em lei em 2016 pelo atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, então prefeito de capital paulista. Hoje a principal avenida da cidade tem os seus dois sentidos inteiramente fechados das 8h às 16h, aos domingos e feriados.
Em junho, a Prefeitura abriu consulta pública para entender como a população do famoso bairro da imigração japonesa receberia o programa. A administração municipal disse ter recebido mais de 4 mil contribuições no processo, com 89% de aprovação em relação à proposta de fechar as vias aos domingos na região. Defensores do modelo apontam que isso ajuda na reocupação do espaço público pelas pessoas, no aquecimento do comércio local, além de promover benefícios ambientais pela não utilização de carros. Para a Prefeitura, fechar a Liberdade para o trânsito é uma iniciativa que “prioriza a qualificação do espaço urbano a partir das necessidades dos pedestres”, e que oferece condições que estimulam “a permanência das pessoas, a caminhabilidade e o fortalecimento da região como forte atrativo turístico e comercial”. “Foi um processo realmente feito de perto, com as pessoas, que vai aumentar em 174% o espaço disponível para pedestres na região”, disse o assessor da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento, Pedro Fernandes.
Em duas audiências públicas, também houve críticas de moradores do bairro e comerciantes. Eles alegam que estimular maior circulação de pessoas pode trazer mais sujeira, problemas com barulho e aumento da violência. Lojistas entendem que a medida pode atrair ambulantes que, sem licença de funcionamento, vendem mercadorias falsificadas por preços abaixo dos comerciantes regularizados. Outro grupo que não se entusiasmou com a ideia foi o dos artesãos expositores, que montam suas barracas na Praça da Liberdade nos finais de semana para vender seus produtos. Eles afirmam depender dos carros para fazer o transporte dos materiais usados na montagem das tendas, “Os artesãos trazem os produtos e a barraca de carro. Não vamos conseguir descarregar porque vão fechar as ruas. Vai atrapalhar bastante nosso trabalho”, afirma a artesã Eiko Tabeta, secretária e coordenadora da Associação dos Expositores da Feira da Liberdade.
Jovem pan