A fênix, mítica ave que renasce das cinzas, é um símbolo de renascimento encontrado em antigas histórias gregas e egípcias.
A fênix, mítica ave que renasce das cinzas, é um símbolo de renascimento encontrado em antigas histórias gregas e egípcias. Hoje, sua imagem perdura em obras de ficção como Harry Potter e o anime One Piece. Embora não existam fênix reais, a ciência nos revela que algumas criaturas podem, de fato, suportar altas temperaturas e, surpreendentemente, até prosperar nelas.
**Resistentes do Mundo Real**
Tardígrados, conhecidos por sua resiliência extrema, são exemplos notáveis. Estes pequenos animais podem sobreviver ao vácuo do espaço, mas são sensíveis ao calor. Eles começam a morrer entre 29°C e 37°C. Em estado de animação suspensa, chamado “tun”, podem suportar até 83°C por uma hora, ainda longe das temperaturas de uma chama, que começa a 600°C. Nenhum ser vivo pode suportar calor de combustão, explica Robert Kelly, engenheiro químico e microbiologista da Universidade Estadual da Carolina do Norte. A combustão, que ocorre quando o carbono se combina com oxigênio formando monóxido e dióxido de carbono, destrói qualquer matéria viva. “Não sem equipamento de proteção”, diz Kelly. No entanto, algumas formas de vida podem resistir a temperaturas extremas.
**Os Hipertermófilos**
Kelly estuda hipertermófilos, organismos unicelulares que habitam fontes termais e chaminés vulcânicas submarinas. Entre eles, as arqueias são as mais resistentes, suportando até 120°C. Nessas temperaturas, a carne humana cozinharia instantaneamente. As arqueias enfrentam o desafio de manter suas proteínas estáveis, uma tarefa que realizam através de milhares de interações moleculares sutis.
**Sobreviventes das Chamas**
Alguns animais também desenvolveram adaptações para sobreviver ao fogo. Na África do Sul, pequenos besouros conhecidos como gorgulhos habitam o fynbos, uma área sujeita a incêndios. Em 2018, a entomologista Marion Javal, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento em Montpellier, França, observou gorgulhos sobreviventes em uma área queimada. Curiosa, ela e sua equipe investigaram como esses insetos, que não podem voar, suportam o calor. Javal descobriu que o Ocladius costiger pode sobreviver até 52,6°C e o Cryptolarynx variabilis até 53,4°C.
Essas temperaturas são surpreendentemente altas para insetos tão pequenos. Suas adaptações celulares são um mistério, mas alguns adultos cavam no solo para escapar das chamas, enquanto ovos são postos em plantas de casca dura que protegem do calor e do fogo. Assim, quando os incêndios se extinguem, os ovos eclodem, renovando a vida, em um ciclo que lembra a mítica fênix. Estes exemplos mostram como a natureza, de formas inesperadas, encontra maneiras de resistir e prosperar, mesmo nas condições mais adversas. Por: Bethany Brookshire – www.snexplores.org