O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou nesta segunda-feira (9) o encarregado de negócios interino do Irã na Ucrânia, Shahryar Amuzeghar, para uma "severa advertência" devido a informações sobre o possível fornecimento de mísseis balísticos iranianos à Rússia.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou nesta segunda-feira (9) o encarregado de negócios interino do Irã na Ucrânia, Shahryar Amuzeghar, para uma "severa advertência" devido a informações sobre o possível fornecimento de mísseis balísticos iranianos à Rússia.
Amuzeghar recebeu uma "severa advertência de que a confirmação do fornecimento de armas balísticas pelo Irã ao Estado agressor teria consequências devastadoras e irreparáveis para as relações bilaterais entre Ucrânia e Irã", conforme comunicado oficial.
O governo ucraniano expressou sua "profunda preocupação" com as informações sobre o possível envio de mísseis balísticos pelo Irã à Rússia. Segundo o jornal Financial Times, citando fontes ucranianas, o Irã teria enviado "mais de 200" mísseis balísticos de curto alcance Fath-360 para a Rússia, com o carregamento chegando ao mar Cáspio nesta semana. Esses mísseis têm um alcance de 120 quilômetros e poderiam ser utilizados pela Rússia para atacar a infraestrutura ucraniana e cidades no norte da Ucrânia próximas à fronteira russa.
Enquanto isso, um alto funcionário ucraniano afirmou que os países ocidentais devem permitir à Ucrânia usar as armas fornecidas para atacar depósitos militares na Rússia. Os países ocidentais que apoiam a Ucrânia hesitam em permitir ataques em solo russo, temendo uma escalada do conflito. No entanto, o chefe do escritório presidencial ucraniano, Andrii Yermak, declarou que "a proteção não é uma escalada".
"Em resposta ao fornecimento de mísseis balísticos à Rússia, a Ucrânia deve ter permissão para destruir os depósitos onde esses mísseis estão armazenados com armas ocidentais, para evitar o terrorismo", disse Yermak em seu canal no Telegram, sem especificar qual país fornece os mísseis.
A Rússia já realizou repetidos e devastadores bombardeios com mísseis de longo alcance e drones, que mataram mais de 10.000 civis desde o início da guerra em fevereiro de 2022, conforme relatório das Nações Unidas. Os bombardeios também paralisaram a produção de eletricidade.
Apesar das dificuldades, a Ucrânia não cedeu e recentemente realizou uma ousada incursão na região russa de Kursk, enquanto tenta conter o avanço russo na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.
Desde 2022, a Rússia tem recebido drones Shahed fabricados pelo Irã. O possível envio de mísseis balísticos iranianos à Rússia também tem gerado alarme entre os governos ocidentais, enquanto o presidente Vladimir Putin busca apoio de outros países.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, comentou os relatórios sobre os mísseis iranianos, afirmando que "esse tipo de informação nem sempre é verdadeira". Ele destacou a importância da parceria com o Irã, afirmando que os dois países continuarão desenvolvendo suas relações econômicas e comerciais.
No Irã, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanaani, negou que Teerã tenha fornecido mísseis à Rússia. "Rejeitamos firmemente as acusações sobre o papel do Irã no envio de armas para um lado do conflito e consideramos essas acusações como politicamente motivadas", disse Kanaani.
O diretor da CIA, William Burns, alertou em Londres no fim de semana sobre a crescente e "preocupante" relação em defesa envolvendo Rússia, China, Irã e Coreia do Norte. Ele afirmou que esses vínculos representam uma ameaça tanto para a Ucrânia quanto para os aliados ocidentais no Oriente Médio.
O Ministério da Defesa da China anunciou na segunda-feira (9) exercícios navais e aéreos conjuntos com a Rússia que começarão ainda este mês. Embora a China não tenha fornecido armas diretamente à Rússia, tornou-se um recurso econômico vital como principal cliente do petróleo e gás russo, além de fornecer produtos eletrônicos e outros itens de uso civil e militar.
(Com informações de EP e AP)