Um detento do sistema penitenciário do Rio de Janeiro denunciou um esquema de extorsão envolvendo funcionários de alto escalão do Hospital Penal Hamilton Agostinho, dentro do Complexo de Gericinó. Cleiton Oliveira Meneguit, que cumpre pena por crimes relacionados ao tráfico de drogas, afirmou em cartas enviadas à Justiça que estava sendo coagido a pagar uma quantia de R$ 600 mil para receber um laudo médico que lhe garantiria o direito de prisão domiciliar. O laudo seria essencial após uma cirurgia de redução de estômago e vesícula a que Cleiton foi submetido, permitindo-lhe se recuperar em casa por quatro meses.
Segundo a TV Globo, foram revelados os detalhes das pressões que Cleiton sofreu enquanto ainda estava em recuperação na unidade prisional. Ele relatou, em cartas enviadas à Justiça, que, durante o período pós-cirúrgico, foi retirado da cela em duas ocasiões para tratar das demandas de pagamento. ‘Eles me exigiram R$ 600 mil para me vender ou fornecer um laudo favorável’, descreveu o detento.”
A denúncia, feita no final de novembro, foi encaminhada à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que imediatamente iniciou uma investigação. A secretária da Seap, Maria Rosa Nebel, afirmou que a denúncia chegou ao gabinete da secretaria, após outras denúncias anônimas, e ressaltou a importância de investigar o caso de forma rigorosa.
Investigação Aponta Rede de Corrupção Dentro da Prisão
A denúncia de Cleiton não se limitou ao pedido de propina. Ele afirmou que já vinha sendo extorquido por um grupo de funcionários do hospital penal, entre eles o então diretor Thiago Franco Lopes, o subdiretor Aleksandro Dos Santos Rosa, e o chefe de segurança Marcio Santos Ferreira. Esses três servidores foram exonerados de suas funções após a apuração, e os detalhes do caso foram enviados ao Ministério Público.
Além de servidores da Seap, médicos, enfermeiros, nutricionistas e até advogados estariam envolvidos no esquema de extorsão, segundo o relatório da Corregedoria da Seap. A investigação revelou que dois advogados, Mônica Carvalho e Tarcísio Ayres, visitaram a casa de Cleiton e tentaram intimidar sua companheira para que o preso não denunciasse a extorsão. A visita foi registrada pelas câmeras de segurança e chamou a atenção das autoridades, principalmente porque os advogados não eram representantes legais do detento e não informaram previamente sobre a visita.
Apoio Governamental e Afastamento de Profissionais
O caso gerou indignação na Secretaria de Administração Penitenciária, que expressou sua determinação em apurar e punir os responsáveis. “A grande maioria dos nossos profissionais não coaduna com essa prática. Isso nos fortalece na luta para investigar e punir os culpados”, afirmou a secretária Nebel.
A Fundação Saúde, responsável pela administração do hospital, também reagiu rapidamente e determinou o afastamento imediato dos profissionais suspeitos citados na sindicância. O ex-diretor do hospital, Thiago Franco Lopes, negou qualquer envolvimento com o esquema de extorsão, alegando que o detento nunca foi favorecido de qualquer forma e que a investigação revelaria que não houve irregularidades.
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