Pessoas que se mexem demais na cama e se agitam durante o sono podem estar apresentando um sinal precoce de demência ou doença de Parkinson, afirmaram especialistas nesta terça-feira. A pesquisa sobre o distúrbio do comportamento em sono REM (RBD, na sigla em inglês) sugere que a inflamação aumentada em uma área do cérebro responsável pela produção de dopamina está ligada a esses distúrbios neurológicos.
A dopamina, substância química fundamental para o controle motor, é produzida em uma região do cérebro que, nos pacientes com Parkinson e demência, sofre com a morte das células nervosas responsáveis pela sua produção. Isso pode resultar em dificuldades motoras e outros sintomas relacionados a essas condições.
Agora, cientistas norte-americanos anunciaram o desenvolvimento de um algoritmo movido por inteligência artificial capaz de analisar gravações de vídeos de testes clínicos de sono. Segundo os pesquisadores, a tecnologia pode melhorar diagnósticos precisos do distúrbio e até ajudar a identificar pacientes com maior risco de desenvolver demência ou Parkinson.
O Dr. Emmanuel During, professor associado de neurologia da Mount Sinai School of Medicine, em Nova York, explicou que “essa abordagem automatizada pode ser integrada nas clínicas durante a interpretação de testes de sono, o que facilita o diagnóstico e evita diagnósticos perdidos”. Ele destacou ainda que o método pode ser útil para decisões de tratamento baseadas na gravidade dos movimentos observados nos testes de sono, permitindo a personalização dos planos de cuidados.
O distúrbio do comportamento em sono REM (RBD) é difícil de diagnosticar, pois seus sintomas podem ser confundidos com outras condições. Para um diagnóstico definitivo, é necessário um estudo do sono, conhecido como video-polissonografia, realizado em uma unidade médica com tecnologia de monitoramento do sono.
No estudo recente, os pesquisadores utilizaram câmeras 2D para analisar os testes de sono clínico de 170 pacientes, sendo 80 com RBD. Os outros 90 ou apresentavam outro distúrbio do sono ou não tinham distúrbios. O algoritmo automatizado foi utilizado para rastrear os movimentos dos pixels no vídeo, identificando os movimentos durante o sono REM.
Com uma taxa de precisão de 92%, a mais alta registrada até o momento, o algoritmo foi capaz de medir a taxa, o índice, a magnitude e a velocidade dos movimentos, além do índice de imobilidade dos pacientes durante o sono. O estudo foi publicado na revista Annals of Neurology.
Estima-se que cerca de 5% da população mundial sofra do distúrbio RBD, que inclui sintomas como falar, rir, gritar e xingar enquanto dorme. A maioria das pessoas com esse distúrbio se agita na cama e acorda cansada, frequentemente dormindo durante o dia. Em alguns casos, os movimentos durante o sono são tão intensos que os pacientes podem se machucar ou machucar seus parceiros.
No Reino Unido, cerca de 153 mil pessoas convivem com a doença de Parkinson, que causa tremores, dificuldade de movimento e dor. A cada hora, duas novas pessoas são diagnosticadas, e o custo para o NHS (Serviço Nacional de Saúde) britânico ultrapassa 725 milhões de libras por ano. Já a Sociedade de Alzheimer estima que o custo anual total da demência no país seja de 42 bilhões de libras, com as famílias assumindo a maior parte dessa despesa.
Com o envelhecimento da população, esses custos devem crescer para 90 bilhões de libras nos próximos 15 anos. Estima-se que cerca de 944 mil pessoas no Reino Unido vivam com demência, e cerca de 7 milhões nos Estados Unidos. A doença de Alzheimer, que afeta cerca de 60% dos pacientes com demência, é causada pelo acúmulo de proteínas no cérebro, formando placas e emaranhados que dificultam o funcionamento adequado do cérebro, levando ao desenvolvimento de sintomas como perda de memória, dificuldades de raciocínio e problemas de linguagem.
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