A Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) aprovou o Zepbound, um medicamento originalmente desenvolvido para perda de peso, como o primeiro tratamento farmacológico para a apneia obstrutiva do sono (AOS). Esse avanço representa um passo importante no tratamento dessa condição, comumente associada à obesidade.
De acordo com informações da ABC News, a autorização do uso do Zepbound é destinada a pessoas com obesidade que sofram de apneia obstrutiva do sono moderada ou grave. A aprovação também permite que seguradoras, incluindo o Medicare, cubram o medicamento para pacientes elegíveis, o que não ocorre quando o tratamento se limita à perda de peso, explicou a mídia.
A FDA baseou sua decisão em resultados de dois ensaios clínicos patrocinados pela farmacêutica Eli Lilly, realizados com uma amostra de 470 participantes.
Segundo a CNN, os ensaios mostraram que, “em pacientes que não usavam dispositivos de pressão positiva contínua nas vias respiratórias (CPAP), o Zepbound conseguiu reduzir, em média, 25 episódios de interrupção respiratória por hora após um ano, em comparação com os cinco episódios dos que tomaram um placebo”.
Perda de peso e problemas de sono
A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio que afeta cerca de trinta milhões de pessoas nos Estados Unidos, de acordo com a Academia Americana de Medicina do Sono. Esse transtorno não apenas interfere na qualidade do descanso, mas também acarreta sérios riscos cardiovasculares e neurológicos.
Como destacou Patrik Jonsson, presidente da área de Saúde Cardiometabólica da Eli Lilly, em declarações à CNN, “muitos casos de AOS não são diagnosticados nem tratados, deixando milhões de pessoas expostas a consequências médicas graves”.
Entre os resultados mais promissores dos ensaios, observou-se que os pacientes tratados com Zepbound apresentaram, além de uma melhora substancial na apneia obstrutiva, uma notável redução do peso corporal.
“Em média, os participantes perderam até 20% do peso inicial, o que equivale a entre 20 e 23 quilos, enquanto aqueles que usaram o placebo perderam apenas entre 0,7 e 1 kg”, informou a ABC News.
Os resultados foram publicados na revista New England Journal of Medicine, onde os pesquisadores também descreveram benefícios adicionais, como a diminuição da pressão arterial e dos marcadores inflamatórios, elementos-chave no controle do risco cardiovascular relacionado à apneia obstrutiva.
A conexão entre obesidade e apneia do sono
A relação entre esses dois problemas de saúde é amplamente reconhecida na comunidade médica. Pessoas com obesidade geralmente apresentam melhorias significativas nos sintomas de apneia do sono quando conseguem reduzir seu peso de forma considerável, conforme o estudo. Esse vínculo reforça a importância de opções terapêuticas que combinem o controle de peso com melhorias na função respiratória.
Até o momento, os tratamentos padrão para a apneia obstrutiva do sono se limitavam ao uso de dispositivos CPAP, que mantêm as vias respiratórias abertas por meio de pressão positiva. No entanto, esse método tem limitações, pois nem sempre é confortável ou eficaz para todos os pacientes.
“O desenvolvimento do Zepbound como uma opção farmacológica representa um avanço significativo nesse campo”, destacou a diretora da Divisão de Pneumologia, Alergia e Cuidados Críticos da FDA, Dra. Sally Seymour.
Embora o custo do medicamento seja de 1.060 dólares por mês sem seguro, a farmacêutica Eli Lilly oferece descontos e versões mais acessíveis por meio de vials injetáveis manuais, em vez de canetas automáticas. Nesse contexto, a proposta da administração de Joe Biden de mudar a política de cobertura do Medicare em relação a medicamentos para obesidade pode ser crucial para facilitar o acesso ao tratamento.
Reações iniciais e expectativas médicas
O impacto potencial do Zepbound vai além do tratamento da apneia obstrutiva do sono. Como apontou a ABC News, o medicamento pode beneficiar entre 15 e 20 milhões de adultos nos Estados Unidos que convivem com ambas as condições: obesidade e apneia grave.
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão desconfortos gastrointestinais leves ou moderados, especialmente no início do tratamento ou quando a dose é aumentada. No entanto, os pesquisadores concluem que os benefícios superam amplamente os possíveis desconfortos iniciais.
GAZETA BRASIL