O presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva para estabelecer uma reserva estratégica de criptomoedas, utilizando tokens já possuídos pelo governo. A medida, comparada por David Sacks, capitalista de risco e czar de políticas para criptomoedas e inteligência artificial nomeado por Trump, a um "Fort Knox digital", gerou reações entusiásticas nas mídias sociais, especialmente entre executivos do setor. Contudo, o Bitcoin inicialmente caiu até 5,7%, já que muitos esperavam um plano mais robusto dos EUA para adquirir novos tokens. O principal ativo digital, no entanto, recuperou a maior parte das perdas, estabilizando-se em torno de $89.410 por volta das 8h10 de sexta-feira em Nova York.
A ordem executiva determina que o estoque de criptomoedas do governo federal será baseado em uma reserva de Bitcoin acumulada por apreensões legais, avaliadas em cerca de $17 bilhões. Além disso, a diretiva instrui as agências a explorarem alternativas para novas aquisições de Bitcoin sem onerar os contribuintes. Sacks, que foi um defensor entusiasta da medida, afirmou que a criação de uma reserva nacional de criptomoedas é um passo ousado para consolidar os EUA como líderes globais no setor digital.
“Esta Ordem Executiva destaca o compromisso do presidente Trump em fazer dos EUA a ‘capital das criptomoedas do mundo'”, afirmou Sacks nas redes sociais, sublinhando que a administração vê o Bitcoin como um ativo estratégico, não destinado à venda, comparando-o a um “Fort Knox digital”. Ele também destacou a política mais ampla de fomento à indústria de criptomoedas, que incluiu a retirada de ações regulatórias contra grandes empresas de ativos digitais nos Estados Unidos.
No entanto, a política tem gerado controvérsias. Críticos argumentam que a criação de uma reserva nacional de criptomoedas poderia inflacionar artificialmente o valor do Bitcoin, beneficiando desproporcionalmente investidores já existentes. Outros alertam que a volatilidade do Bitcoin torna o ativo arriscado para vincular à política financeira nacional. Contudo, Sacks e seus apoiadores contra-argumentam que a garantia de reservas de Bitcoin coloca os EUA na vanguarda de um futuro no qual os ativos digitais desempenharão um papel central nas finanças globais. Alguns defensores veem a medida como um possível mecanismo para reduzir a dívida nacional, que atualmente está em $36 trilhões.
A medida ocorre no momento em que Trump tem aprofundado seu envolvimento com a indústria de criptomoedas. No ano passado, ele lançou a World Liberty Financial, uma empresa que oferece sua própria moeda digital, WLFI. Além disso, pouco antes de sua posse, introduziu um memecoin — uma criptomoeda ligada à cultura online e ao branding de celebridades. Sacks minimizou as preocupações sobre conflitos de interesse, argumentando que o envolvimento direto de Trump com o setor reforça sua crença no potencial transformador das criptomoedas.
A criação da reserva estratégica de criptomoedas formaliza uma promessa de campanha feita por Trump, durante um discurso em Nashville, em julho, em que se comprometeu a estabelecer uma reserva governamental de Bitcoin. Com a ordem executiva agora em vigor, Sacks acredita que a iniciativa impulsionará a adoção generalizada de ativos digitais e garantirá que os EUA permaneçam à frente no cenário financeiro global em rápida evolução.
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