Os vereadores da Câmara de Cuiabá deram uma clara demonstração de como os partidos políticos são meros instrumentos do chamado 'mercado eleitoral'.
Os vereadores da Câmara de Cuiabá deram uma clara demonstração de como os partidos políticos são meros instrumentos do chamado 'mercado eleitoral'. Nesta quinta-feira (14.09), foram a maioria dos parlamentares das siglas de matiz ideológica centro esquerda que garantiram a manutenção do título de cidadão cuiabano ao deputado estadual bolsonarista Gilberto Cattani (PL), alvo de censura na Assembleia Legislativa por comparar mulheres com vacas.
O projeto de decreto legislativo para anular a homenagem feita pela Câmara de Cuiabá ao deputado bolsonarista de extrema direita foi apresentado pelo vereador Luís Claudio (PP), após Cattani comparar mulheres com vacas, durante reunião na Assembleia Legislativa.
Para que a matéria que cancelaria o título fosse aprovada eram necessários 17 votos, mas apenas 13 votaram favoráveis. Entre abstenções, ausentes e os que votaram contra foram 12 votos, sendo sete de partidos de matiz ideológica de centro e centro esquerda. O PV – que faz parte da Federação Brasil da Esperança com o PT e PCdoB – e parlamentares do PSB (partido do atual vice-presidente da República Geraldo Alkmin), PDT, PSD, MDB e PSDB.
Os vereadores Sargento Vidal (MDB), Lilo Pinheiro (PDT), Paulo Henrique (PV), Dr. Luiz Fernando (Republicanos) e Kássio Coelho (Patriota) não votaram. Eles saíram do plenário na hora da votação. A manobra para proteger a homenagem para Cattani ficou evidente já que no início da sessão eles estavam no plenário e chegaram a votar pela aprovação da ata e até mesmo derrubaram um veto do Executivo.
No momento da votação o presidente da Câmara, Chico 2000 (PL), fez a chamada nominal dos cinco, por duas vezes. "Estão com dor de barriga", comentou o vereador Demilson Nogueira (PP) ao comentar a saída dos colegas do plenário.
Já os vereadores Marcus Brito Junior (PV), Jeferson Siqueira (PSD), Wilson Kero Kero (Podemos) e Adevair Cabral (PTB) votaram contra o projeto, ou seja, para manter a homenagem para o deputado bolsonarista. Ricardo Saad (PSDB), Didimo Vovô (PSB) e Cesinha Nascimento (União Brasil) se abstiveram.
O vereador Wilson Kero Kero (Podemos), autor da proposta que homenageou Cattani, foi responsável por defender votos contrários à anulação do título. "A própria Assembleia absolveu ele, então que a vereadora Maysa procure a Justiça e faça com que quem fez esses ataques, que pague", justificou.
Luís Claudio havia conseguido 17 assinaturas para que o projeto fosse votado com urgência e Cattani perdesse o título. A matéria só foi inserida na pauta após o deputado estadual bolsonarista ser alvo de uma nova denúncia, desta vez da vereadora Maysa Leão (Republicanos), que foi alvo de ameaças de estupro após um vídeo que o parlamentar postou em sua conta pessoal nas redes sociais e se recusou a excluir.
Diante da denúncia da vereadora, na terça-feira (05.09) os vereadores aprovaram o parecer da Comissão Permanente de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) para cancelar o título de cidadão cuiabano concedido ao deputado bolsonarista. O parecer foi aprovado por 21 votos a 3.
Votaram para anular o título de Cattani:
Chico 2000 (PL)
Maysa Leão (Republicanos)
Demilson Nogueira (PP)
Michelly Alencar (União)
Sargento Joelson (PSB)
Rodrigo Arruda e Sá (Cidadania)
Prof Mário Nadaf (PV)
Eduardo Magalhães (Republicanos)
Luís Claudio (PP)
Dilemário Alencar (Podemos)
Edna Sampaio (PT)
Felipe Corrêa (Cidadania)
Rogério Varanda (MDB)