A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do corte de gastos, promovida pelo presidente Lula e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, gerou divisão interna no Partido dos Trabalhadores (PT) e no Congresso Nacional. A medida foi aprovada nesta quinta-feira (19), mas não sem provocar tensões entre os parlamentares.
Três deputados do PT votaram contra a PEC, contrariando a orientação do governo. Entre eles, destaca-se Rui Falcão (PT-SP), ex-presidente nacional do partido. Natália Bonavides (PT-RN), que recentemente disputou o segundo turno das eleições municipais em Natal, e Marcon (PT-RS), ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também rejeitaram o texto.
Por outro lado, a PEC contou com o apoio de 18 deputados do Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, marcando uma colaboração inesperada com o governo federal. Essa aliança pontual levantou questionamentos sobre as alianças estratégicas no Congresso.
Não apenas o PT enfrentou divisões. Duda Salabert (PDT-MG), uma das vice-líderes do governo na Câmara, também se posicionou contra a PEC, evidenciando a resistência de setores aliados à proposta do Planalto.
Resultados da votação e impacto político
Após dias de negociações intensas, a PEC foi aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados. No primeiro turno, o texto recebeu 344 votos a favor e 154 contra. No segundo turno, o placar foi ampliado para 348 favoráveis e 146 contrários.
A aprovação da PEC representa uma vitória para o governo, mas também expõe as dificuldades de consolidar apoio interno. A divisão no PT e a adesão de parlamentares do PL mostram os desafios de articulação em um Congresso cada vez mais fragmentado.
Com a PEC aprovada na Câmara, o texto segue agora para o Senado, onde será submetido a dois turnos de votação. A expectativa é que a tramitação avance antes do recesso parlamentar, garantindo a implementação das medidas previstas já em 2025.
GAZETA BRASIL